iPLANT: Inovação na identificação e produção de plantas melhoradas de eucalipto

iPLANT: Inovação na identificação e produção de plantas melhoradas de eucalipto para enfrentar desafios atuais
 
1. Síntese
 
A floresta nacional de eucalipto é responsável pelo suprimento de matéria-prima para uma fileira competitiva e de elevado valor acrescentado. O aumento da capacidade de produção industrial que se tem verificado nos últimos anos tem pressionado a procura desta matéria-prima e aumentado as necessidades de importação de madeira. 
 
Numa perspetiva industrial, para a manutenção da competitividade económica é essencial o aumento da oferta de madeira de curto a longo prazo. Numa perspetiva da produção florestal, esta situação de escassez traduz-se numa perda de oportunidade de negócio. No contexto atual de alterações climáticas, a valorização económica e o aumento da produtividade da floresta de eucalipto, estão intrinsecamente ligados à diversidade dos materiais genéticos que a compõem e à sua adaptabilidade. 
 
O iPLANT é um projeto para valorização da floresta portuguesa. A estratégia inovadora do iPLANT assenta em dois vetores: (i) na identificação de materiais genéticos com características desejadas face aos desafios atuais e (ii) num novo sistema de clonagem, mais eficiente, permitindo a produção de mais plantas. 
 
A inovação proposta irá dar resposta a uma necessidade premente da fileira do eucalipto: a existência no mercado de plantas produtivas, diversas, tolerantes a fatores climáticos adversos e com propriedades da madeira adequadas para a produção de pasta e papel.
 
2. Descrição do projeto
 
O projeto iPlant foi lançado em 2018, com vista a identificar novos materiais genéticos a partir das atuais populações de melhoramento e desenvolver soluções para produção destes materiais em larga escala, de modo ao mercado dispor plantas que melhorem a floresta de eucalipto nacional, promovendo a médio-longo prazo uma maior resiliência e produtividade das plantações, e melhor qualidade da matéria-prima, quer para o produtor florestal quer no processo fabril de transformação.
 
O consórcio do projeto inclui a The Navigator Company (RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, Navigator Forest Portugal e Navigator Papel Figueira), e Altri (Viveiros do Furadouro). Une assim esforços das duas principais empresas de produção de pasta e papel em Portugal bem como de um dos maiores viveiros florestais em Portugal e de um Instituto de Investigação.
 

Membros da equipa iPLANT dos Viveiros do Furadouro/Altri Florestal

Membros da equipa iPLANT do RAIZ/The Navigator Company

 
 
 
3. Importância do projeto e do apoio COMPETE 2020
 
A floresta nacional de eucalipto é responsável, atualmente, pela produção de mais de 6 milhões de metros cúbicos de madeira por ano, fundamental para o suprimento de matéria-prima para fabricação de celulose de elevada qualidade, numa fileira competitiva e de elevado valor acrescentado. Num contexto de alterações climáticas e de restrições na expansão de área de plantações, torna-se essencial desenvolver variedades de plantas resilientes a situações de stress ambiental e de doenças e com aumento do seu potencial produtivo da floresta.
 
O projeto iPLANT irá gerar benefícios diretos através da identificação e produção de clones de elevado mérito genético, melhorando a eficiência e capacidade dos sistemas de produção dos viveiros, e aumentando a disponibilidade no mercado de plantas melhoradas. Este resultado vai ao encontro das necessidades da procura, sejam das empresas promotoras do projeto, sejam de muitos produtores florestais que desejam renovar as suas plantações. 
 
O financiamento do projeto tem sido fundamental em diferentes aspetos, melhorando as infraestruturas de propagação e elevando a qualidade da experimentação realizada, possibilitando a criação de indicadores de gestão ambiental dos sistemas de produção de plantas em viveiro, mais simples e robustos. Destaca-se ainda a instalação de estruturas, equipamentos e software de monitorização de rega, fertilização e controlo ambiental, o que permitiu desenvolver e testar soluções de maior eficiência. Este esforço traduziu-se numa melhoria da qualidade das conclusões científica a partir dos ensaios realizados. Em especial, o projeto permitiu o investimento em equipamentos específicos para testes no âmbito da produção de plantas, incluindo o de luzes artificiais de diferentes espectros e equipamentos de monitorização de campo, permitiu agregar aos atuais programas de melhoramento genético da Navigator e Altri, uma melhor caracterização da resistência à secura e geada. 
 
4. Apoio do COMPETE 2020 
 
O projeto contou com o apoio do COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente em copromoção, envolvendo um investimento elegível de 820 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 487 mil euros.

06/08/2021 , Por Cátia Silva Pinto
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