BacchusTech: Inovação na filtragem do vinho

Liderado pela Caves Campelo, o projeto BacchusTech, cofinanciado pelo COMPETE 2020, visou o desenvolvimento de um processo inovador que inclui a extração, purificação e concentração de compostos bioativos presentes nos resíduos da vinificação; o que permite gerar de forma eficiente e integrada diferentes produtos com valor acrescentado para aplicação nas indústrias farmacêutica, alimentar, cosmética ou na construção civil.
 
 
1. Síntese
 
Para obter uma aparência adequada, estabilizar quimicamente e biologicamente e eliminar frações sólidas em suspensão, os vinhos precisam ser filtrados. O método mais utilizado consiste no uso de terra de diatomáceas como adsorvente. Atualmente, a terra diatomácea gasta é descartada em aterros sanitários. No entanto, é conhecido que estes resíduos são ricos em compostos bioativos (por exemplo, flavonóis, antocianinas), valiosos por exemplo para as indústrias farmacêutica, de alimentos e cosméticos. No entanto, as tecnologias de recuperação atualmente disponíveis consistem em operações de separação em várias etapas, com eficiência baixa e custos relativamente altos.
 
O projeto BacchusTech procura desenvolver um novo processo que inclui a extração, purificação e concentração de compostos bioativos presentes em resíduos de vinificação. A tecnologia será baseada no uso de adsorventes molecularmente impressos para a purificação/concentração de compostos bioativos e inclui também o desenvolvimento de um processo contínuo de sorção/dessorção, permitindo uma operação eficiente e económica. As substâncias bioativas recuperadas serão exploradas como ingredientes funcionais para as indústrias de alimentos e cosméticos. A terra diatomácea gasta extraída será posteriormente convertida em geopolímeros, para ser usada:
 
i) como alternativa aos compósitos convencionais de cimento Portland e cimento, e 
 
ii) em novos processos de filtração por membrana, combinada com processos avançados de oxidação, para ser aplicada num novo tratamento para os efluentes líquidos vinícolas. 
 
Por um lado, a produção de cimento é ambientalmente desfavorável e os geopolímeros aparecem neste contexto como opções preferidas, pois geram 70 a 80% menos dióxido de carbono, com emissões de gases de efeito estufa notavelmente menores do que o cimento Portland comum. Por outro lado, as espumas de geopolímeros apresentam resultados promissores para a remoção de compostos inorgânicos dos efluentes das águas residuais.
 
 
2. Testemunho de Óscar Lima, Diretor de Operações (COO) na Caves Campelo S.A. e coordenador do projecto BacchusTech
Óscar Lima | Coordenador do projecto BacchusTech

A equipa do projecto Bacchustech concluiu o desenvolvimento do primeiro protótipo para extracção, purificação e separação de compostos bioativos presentes nos resíduos da vinificação.

Esta primeira versão, inclui um conjunto de equipamentos que, associado a um software especificamente desenvolvido para monitorizar e controlar o processo, permite, de forma completamente automática, maximizar a extracção, purificação e separação dos compostos com valor comercial acrescentado para a indústria farmacêutica, alimentar e cosmética.

 Para tal, faz uso de adsorventes molecularmente impressos para a purificação/concentração de compostos bioativos que, associados a um processo contínuo de sorção/dessorção permite obter um processo mais eficiente e economicamente mais atractivo.

Além disso, o sistema pode ser facilmente adaptado/parametrizado para o tratamento de outras fontes de resíduos, constituindo-se como outra possível fonte de receita da empresa na medida em que a sua aplicação poderá ser estendida a outros domínios.

O apoio do COMPETE 2020 permitiu à empresa e a todo este consórcio concretizar este grande desafio, foi fundamental na medida em que possibilitou alavancar o desenvolvimento de todo o projecto de investigação dando ainda uma maior visibilidade e capacidade de promoção ao mesmo.

 
3. Apoio do COMPETE 2020 
 
O projeto “BaccusTech: Integrated Approach for the Valorisation of Winemaking Residues “ conta com o cofinanciamento do COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente em copromoção, envolvendo um investimento elegível de cerca de 954 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 685 mil euros.
 
 
4. Links
 

07/07/2022 , Por Cátia Silva Pinto
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