Vamos falar dos alimentos do futuro , ou porque a investigação melhora a nossa alimentação

Num momento de mudança para a economia mundial, efeito da pandemia, o setor agroalimentar ganhou novo protagonismo, cujas tendências de consumo se focaram novamente no produto local e em produtos com denominação de origem nacional.  Em Portugal as cadeias de distribuição curta parecem reforçadas com os mercados locais e entregas ao domicílio, por parte de pequenos produtores, algo que já era trendy para a classe média-alta urbana ou uma questão de princípio para os entusiastas da sustentabilidade ambiental e que agora se generalizou. 

A tecnologia está também ao serviço da alimentação e participa no desenho da produção de alimentos, com o objetivo de os tornar mais saudáveis e sustentáveis. Uma das tendências mais claras é a da proteína vegetal, que deixaram de ser um nicho de mercado. São cada vez mais as grandes empresas que oferecem mais opções vegetarianas entre a sua gama. À proteína vegetal junta-se a carne criada em laboratório, uma tendência que será seguida pela criação de proteína em laboratório .

Numa altura em que o consumidor mudou os seus hábitos de consumo, procura viver de modo mais saudável, ao mesmo tempo que exige produtos rápidos e de fácil consumo, sem que isso afete a qualidade. A busca pela conveniência e a eficiência, combinada com o auge das novas tecnologias, permite às empresas criar novos produtos e serviços personalizados a pedido.

O cliente não é apenas cada vez mais sustentável e responsável para com o meio ambiente, como exige das empresas uma maior transparência e compromisso com o combate às alterações climáticas. Neste contexto, fala-se da mega tendência do “upcycling” ou do potencial da supra reciclagem, que consiste no aproveitamento de materiais recicláveis para criar produtos que têm um valor maior que o do material original.

E se já não estavamos no início da revolução 4.0 no setor , a atual conjuntura veio destacar a permência de inovar nos modelos de negócio e de gestão, automatizar processos e otimizar a experiência do cliente. Um exemplo de novos modelos de gestão são as apps que integram os pagamentos, a gestão dos pedidos e os clubes de fidelização dos estabelecimentos para oferecer uma melhor experiência de utilização.

Os instrumentos do COMPETE 2020 fazem a diferença apoiando actividades de I&DT, de inovação produtiva, de qualificação e internacionalização. Alimentos funcionais, novas embalagens, promoção de marcas, uma vasta opção de investimentos fundamentais num setor complexo que inclui o conjunto de atividades relacionadas com a transformação de matérias-primas em bens alimentares ou bebidas e a sua disponibilização ao consumidor final. 

Esta edição da Newsletter vamos apresentar-lhe projectos que apostam na diferenciação - alimentos que se trabalham em laboratório 

PLANTFOOD : Desenvolvimento de alimentos e bebidas não-lácteas de origem vegetal, numa combinação que permita obter formulações nutricionalmente equilibradas com um conjunto de nutrientes em quantidade suficiente que permitam uma resposta fisiológica, como por exemplo, a proteção cardiovascular com uma redução dos níveis de colesterol total, permitindo a sua classificação como um alimento funcional. 

BioClarVino II : Entrevistamos Filipe Centeno, da Direção de I&D da Proenol e Responsável do BioClarvino II, que nos falou do projeto e dos resultados alcançados e desafíos superados. Este projeto permitiu o desenvolvimento final de um produto que permite aos operadores do setor dos vinhos com uma ferramenta única, biológica e não alergénica com efeito preventivo e curativo a nível de oxidações nos vinhos, e com aplicabilidade a outros segmentos de vinho.

RICEPLUS: Este projeto vai funcionalizar variedades de arroz Carolino do Mondego, Sado e Tejo com ingredientes/ nutrientes associados ao património gastronómico das várias regiões de proveniência. Paralelamente valorizam se os subprodutos provenientes do processamento do arroz com casca em arroz branqueado, designadamente o farelo de arroz. São novos produtos funcionalizados para grupos de consumidores exigentes em relação à origem e modo de produção dos alimentos, com gosto pela experimentação de novas formas e texturas de alimentos e consumidores de outras tendências culturais e religiosas de práticas vegetarianas.

Projeto “Por3O: Uma abordagem ómica aplicada a azeites portugueses” : A autenticidade dos azeites extra virgem, na vertente geográfica e varietal, é o principal objetivo deste projeto, promovido pela Universidade de Évora com o apoio do COMPETE 2020. Como objectivo secundário, a genuinidade do produto, numa perspectiva de adulteração, pode também ser avaliada, obtendo-se uma ferramenta útil para o despiste de fraudes e para a certificação dos azeites.

 

 

14/05/2020 , Por COMPETE 2020