As dinâmicas do Cluster do Setor Automóvel

Na semana em que o COMPETE 2020 em colaboração com a MOBINOV, apresentou o estudo "Caraterização do Cluster da Indústria Automóvel em Portugal", desenvolvido pela Delloitte , dedicamos a edição da Newsletter a projetos que mostram a dinâmica das empresas deste cluster e na aposta contínua na Inovação.

O cluster da Indústria Automóvel é um dos mais importantes da economia portuguesa, com um peso significativo nas exportações e no emprego nacionais. As grandes empresas fabricantes de veículos e de componentes para o setor automóvel encontram-se entre as maiores exportadoras nacionais. Destaca-se neste cluster a sua diversificação abrangendo vários níveis da cadeia de valor, numa coexistência associada a sinergias significativas entre empresas de grande dimensão e pequenas e médias empresas (PMEs), muitas delas fornecedoras dos atores chave internacionais com unidades de produção em Portugal. 

Falamos de um setor com grande impato em atividades conexas de alto valor acrescentado: Têxteis técnicos, os moldes, o equipamento e máquinas.  E num futuro já presente com forte envolvimento em setores emergentes.

De acordo o estudo efetuado cluster da Indústria Automóvel em 2019 : - Gerou, uma riqueza (VAB) direta de 3.850 milhões de euros e um impacto total na economia superior a 6.400 milhões de euros (~ 3% do PIB nacional); - Cerca de 99% do volume de negócios gerado pelo cluster da Indústria Automóvel em 2019 correspondeu a exportações, representando cerca de 28% das exportações de bens transacionáveis (exceto combustíveis e lubrificantes a nível nacional no mesmo período); - Foi responsável, em 2019, por mais de 90.000 postos de trabalho diretos a nível nacional, tendo contribuído de forma significativa para o crescimento do emprego na indústria transformadora e para a coesão territorial.

Um cluster onde estabeleceu uma relação virtuosa entre o IDE e a capacitação de empresas nacionais , que evoluíram para instrumentos de pública como o Clube de Fornecedores , onde as relações se transformam em lógicas de inovação e de valorização múltipla com ganhos substanciais de eficácia e desejavelmente de incorporação de conhecimento, criação de valor , substituição de importações e maior autonomia de todos os players.

Para além da componente industrial, o Cluster da Indústria Automóvel engloba diversas atividades conexas, tais como associações empresariais, sistema nacional de investigação e inovação e instituições de ensino. É um sistema de inovação completo e densificado – juntando as entidades dos sistemas empresarial, científico e tecnológico, da propriedade industrial, entidades de financiamento e agências públicas –, que assegura um fluxo virtuoso e efetivo de conhecimento, invenções e inovações de sucesso no mercado. Completo e densificado de instituições de produção do conhecimento orientado para as empresas, como as universidades e os laboratórios de investigação; entidades de interface entre as instituições de saber e as empresas, como os centros tecnológicos, e os centros de valorização do conhecimento; e empresas propensas a inovar e a estabelecer parcerias estratégicas com as entidades anteriores.

A pandemia impactou negativamente a procura automóvel no mercado europeu, com um impacto significativo ao nível dos principais mercados de exportação dos  construtores e fabricantes de componentes a operar em Portugal. De entre os países selecionados, a Alemanha surge como o país com uma taxa de variação de registo de veículos de passageiros mais baixa (-21%) e Espanha com a taxa mais alta (-33%). A nível nacional verifica-se uma quebra acentuada da procura automóvel interna (-33%),  sendo superior ao registado na União Europeia (-24%). Não obstante algumas empresas do Cluster industrial automóvel adaptaram a sua produção para responder às  necessidades geradas pela pandemia. Esta rápida adaptação revela a resiliência do setor automóvel, que assim conseguiu manter a atividade dos seus trabalhadores e  encontrar linhas de negócio alternativas, com um impacto positivo para a sociedade.

E é com o olhar no futuro que :

- Falamos com Filipe Campos (EFACEC) sobre o projeto FAST EV 2.0 que teve como objetivo a investigação e desenvolvimento de novas soluções de carga rápida de baterias para veículos elétricos na gama de alta potência;

- Conversamos com Tiago Ramos (CaetanoBus) sobre o projeto Caetano H2.City Gold , um autocarro elétrico com energia proveniente de uma pilha de hidrogénio. O H2.City Gold destaca-se pela sua modularidade, autonomia e lotação elevada, segurança e simplicidade de utilização.

- Falámos com Sandra Melo, responsável do projeto LEIMSA - cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito da iniciativa Clube de Fornecedores (Volkswagen Autoeuropa) - e que visa desenvolver componentes disruptivos para o interior automóvel, através do uso integrado de tecnologias emergentes no molde.

- No âmbito do clube de fornecedores da Bosch Braga, a INOVEPLASTIKA em consórcio está a desenvolver o projeto SMART4CAR - Smart Surfaces for Automotive Components. Para Hélio Santos,  Responsável do Projeto SMART4CAR, " osucesso do projeto SMART4CAR proporcionará ao consórcio e à indústria nacional a oportunidade para se reposicionar na cadeia de valor global automóvel".

09/04/2021 , Por Paula Ascenção