Inovação na Economia do Mar : o COMPETE 2020 apoia projetos que redescobrem o nosso horizonte azul.

Portugal é geograficamente privilegiado, situando-se na encruzilhada entre três continentes, África, América e Europa, e das rotas entre o Mediterrâneo e o norte da Europa, assumindo-se, desde sempre, ligado e de algum modo dependente do mar.

Portugal tem uma faixa costeira de 1.187 km e a terceira maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Europa, 18 vezes superior ao território continental do país.

O mar – oceano atlântico - fazendo parte da nossa identidade e cultura é, um elemento de ligação privilegiada entre as várias Regiões do País e deste com a Europa e o resto do Mundo e marcou decisivamente o desenvolvimento de Portugal, com as trocas comerciais, culturais e científicas durante a época dos descobrimentos.

O COMPETE 2020 , no contexto do PORTUGAL 2020 , apoia os projetos de investigação e desenvolvimento que contribuam para conhecer as novas potencialidades do mar.

O mar pode tornar-se  num dos principais fatores de desenvolvimento de Portugal, através dos seus recursos biológicos, geológicos, minerais, biotecnológicos e dos recursos energéticos renováveis, desde que devidamente valorizados e salvaguardados.

Uma economia marítima próspera para Portugal passa pelo aproveitamento do potencial existente ao nível da biodiversidade oceânica, das fontes de energias renováveis, dos centros de investigação modernos e altamente qualificados, dos transportes marítimos e portos, dos recursos pesqueiros, do turismo, entre outros novos usos que o mar pode vir a ter no futuro.O COMPETE 2020 tem o seu papel no conjunto alargado de instrumentos sinérgicos do Portugal 2020 orientados pelos princípios da Economia Azul.

A investigação e o conhecimento científico da biodiversidade oceânica podem, por exemplo, criar a oportunidade de se desenvolver em Portugal uma indústria virada para a biotecnologia.

Ao nível das energias renováveis ligadas ao mar, encontra-se em desenvolvimento um projeto comercial inovador de aproveitamento da energia das ondas.  Outra alternativa, que tem sido objecto de estudo por parte de cientistas portugueses, é o aproveitamento dos hidratos de metano que podem existir em quantidades significativas no fundo marinho português.

A costa portuguesa atrai 90 % dos turistas estrangeiros, sendo o turismo responsável por 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Portugal contribui consideravelmente para o turismo marítimo e costeiro da UE, que registou um crescimento próximo de 3% por ano no período 2005-2009

O COMPETE 2020 atua ainda ao nível da área dos portos, onde Portugal pode assumir um papel mais relevante no sistema de transportes europeus, podendo desempenhar também o papel de intermediário na comercialização de mercadorias com origens e destinos em mercados estrangeiros. Acresce ainda o facto de o transporte marítimo estar a ganhar relevância nas trocas comerciais dentro do contexto europeu, tendo em conta as preocupações ambientais relacionadas com os custos do transporte rodoviário.

 

Nesta edição da Newsletter vamos apresentar-lhe alguns dos projetos de investigação que cruzam com as prioridades da Economia do Mar definidas na Estratégia Nacional para uma Especialização Inteligente :

 

O "Aquatropolis " tem como objetivo desenvolver uma framework tecnológica disruptiva que permita a gestão, controlo e operação, inteligente, otimizada e automatizada das produções aquícolas multitróficas integradas em regime semi-intensivo, com especial enfoque na produção de peixes ósseos (Dourada e Robalo) e macroalgas.

Para além do elevado potencial de mercado, o “Aquatropolis” contribuirá para promover a eficiência produtiva, segurança e qualidade alimentar, melhor informação ao consumidor e, sobretudo, o controlo de práticas associadas à atividade aquícola no espaço marítimo, assegurando o equilíbrio entre as perspetivas sociais, económicas e ambientais.

O projeto é promovido em consórcio. A equipa é então formada pela Compta, a ALGAplus, a Domatica, o Politécnico de Leiria, através das Escolas Superiores de Turismo e Tecnologia do Mar e de Tecnologia e Gestão, o Instituto Politécnico de Tomar e o Tagus Valley.

 

O projeto DeepFloat visa desenvolver um sistema de variação de lastro flexível para aplicações submarinas (de profundidade) com capacidades avançadas de controlo (utilizando uma mistura do conceito de movimento de óleo para fazer o bombeamento da água), por forma, a estender a gama de operações possíveis de serem realizadas em ambientes de elevadas pressões externas, reduzindo a energia consumida, maximizando a capacidade de carga útil e de controlo fino em ambientes confinados como a extração em minas de elevados níveis freáticos (operação submersa).

O projeto é promovido em consórcio entre a empresa A. Silva Matos, INESC TEC, ISEP e CINAV.

 

Liderado pela Universidade do Porto - Faculdade de Engenharia, o projeto tem dois objetivos muito claros: por um lado, desenvolver e avaliar duas tecnologias para converter a energia das ondas; por outro, projetar sistemas de amarração eficientes para os dispositivos quando instalados perto da costa e ao largo.

Ao contrário de outras energias renováveis, em que o número de tecnologias técnica e economicamente viáveis é limitado, diversas tecnologias podem coexistir para extrair energia das ondas, em função das condições locais. 

 

Liderado pelo Politécnico de Leiria, a equipa multidisciplinar de investigadores do projeto Red2Discovery acredita que a solução para o tratamento de algumas doenças poderá ser encontrada “debaixo de água”. Os organismos marinhos da costa de Peniche e da Reserva Natural das Berlengas são atualmente alvos de investigação na procura de novos compostos com atividade biológica que possam dar uma resposta eficiente no tratamento de diferentes doenças, incluindo o cancro e doenças infecciosas.

O consórcio que desenvolve este projeto é constituído pelo Politécnico de Leiria, pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC) e pelo Departamento de Farmacologia, da Faculdade de Veterinária da Universidade de Santiago de Compostela. 

13/02/2017 , Por Paula Ascenção