Um novo mundo de alimentos | Uma aposta das empresas nacionais: I&D

O sector agroalimentar representa uma das fileiras estratégicas para a dinamização da economia nacional. Nos últimos anos tem-se assistido a uma alteração no perfil das empresas agroalimentares: a preocupação com a qualidade da matéria-prima, a diferenciação do produto, a aposta no design e na marca e a internacionalização, constituem, os principais elementos de diferenciação face ao perfil tradicional.

No que respeita à estrutura o setor agroalimentar nacional caracteriza-se por uma acentuada atomicidade e grande dispersão quer geográfica quer por setor de atividade. A grande maioria das empresas do setor tem menos de 10 empregados enquanto as empresas com mais de 250 empregados representam, apenas, 0,32% do universo de empresas. Relativamente à distribuição do emprego, verificamos que 21,36% dos ativos estão nas empresas de menor dimensão; estas empresas contribuem com 9,99%para o VAB e representam 8,45% do volume de negócios. Trata-se de um setor em que predominam as muito pequenas e pequenas empresas o que dificulta a obtenção de economias de aglomeração e de capacidade negocial nos mercados. A constituição de clusters é um importante instrumento para ultrapassar este problema. Com o mesmo objetivo foram constituídas organizações resultantes de estratégias de eficiência coletiva (como por exemplo a Portugal Foods e a Portugal Fresh) que muito tem contribuído para a internacionalização do setor.

 É um setor altamente competitivo,onde o efeito escala é importante, o que se comprova pela existência de algumas e conhecidas grandes multi-nacionais na área, apesar de as empresas de menor dimensão serem predominantes.

Trabalhando para aumentar as exportações ou para substituir importações as empresas nacionais apostam fortemente em factores diferenciadores e na divulgação dos produtos nacionais, olhando para a alimentação portuguesa e para os produtos endógenos como fator distintivo.

A globalização trouxe desafios para as empresas e reposicionou a forma como se comunica. Não basta garantir a qualidade, o serviço pós cliente, uma boa embalagem e preço. O cliente quer ser envolvido.

A inovação e a diferenciação nunca foram tão importantes para as empresas, sobretudo PME´s  como no contexto atual da economia global impulsionada por consumidores cada vez mais exigentes. As PME´s para se tornarem competitivas têm de criar laços de confiança com os seus consumidores e oferecer produtos diferenciados. A tecnologia é vital para este processo, tal como um foco na criação de novos produtos e serviços que vão ao encontro das necessidades reais ou que criem tendências de consumo.

Os consumidores, das classes médias das economias emergentes aos consumidores exigentes dos mercados dos países mais desenvolvidos , são cada vez mais informados do que nunca. A informação chega por múltiplos canais , nem sempre filtrada mas cria apetências de diversidade que criam vantagens para empresas ágeis e capazes da adaptação a tendências e variáveis emocionais.

O investimento em I&I ( Investigação&Inovação) é um indicador fundamental da capacidade para construir uma economia baseada no conhecimento e na inovação, o que justifica o comprometimento crescente de muitos países, incluindo a generalidade dos Estados Membros da UE, com políticas públicas de estímulo ao investimento empresarial em I&I. Um investimento regular e elevado em I&I pelo setor empresarial, particularmente em atividades de média-alta e alta tecnologia, é tido como fundamental para gerar e manter um fluxo regular de inovação na atividade económica capaz de sustentar a competitividade de uma economia . Esse comprometimento é evidente nas políticas públicas de um crescente número de países que definem objetivos concretos para a intensidade de I&I empresarial e consideram esses objetivos como referências fundamentais na construção dos seus planos de desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação de médio e longo prazos. É um fenómeno à escala mundial que não se restringe aos países tecnologicamente mais avançados e/ou que mais investem em I&I. 

No atual contexto competitivo, boa parte da capacidade competitiva das empresas presente e futura, depende da sua capacidade para produzir, endogeneizar, transferir, usar e proteger o conhecimento científico e tecnológico. O conhecimento tornou-se o fator competitivo por excelência, que se destaca de outros fatores produtivos outrora mais relevantes por ser muito mais difícil de replicar dada a sua componente tácita, por estar muito relacionado com o contexto onde é produzido e utilizado, e pelo facto da matriz do conhecimento de muitas indústrias recentes ser de origem científica.  Para prosperar numa economia baseada no conhecimento e na inovação, países como Portugal, com uma percentagem reduzida de empresas e produtos de média-alta e alta tecnologia e investimento empresarial em I&I historicamente baixo, o aumento do investimento privado em I&I é crucial.

Nesta Nesletter vamos falar-lhe de como as empresas nacionais estão a agarrar o desafio e apresentar-lhe 4 projetos de investigação :

SUBA – Sumos com um baixo teor alcoólico

O projeto “SUBA - Sumos Baixo Álcool”, tem como "objetivo principal criar bebidas alcoólicas que, do ponto de vista da saúde pública, sejam as mais equilibradas do mercado."

PlantFood: bebidas vegetais, não-lácteos e funcionais

Nos últimos anos verificam-se como tendências o poder da nutrição e o mercado alternativo aos produtos lácteos. É neste contexto que surge o presente projeto em que se pretende desenvolver alimentos e bebidas vegetais, não-lácteos e funcionais.

Snack Fresh: A aposta da Sonae no desenvolvimento de produtos inovadores à base de frutas e legumes

O projeto Snack Fresh visa o desenvolvimento de novos produtos à base de frutas e legumes convenientes, com características organoléticas inovadoras e com benefícios nutricionais e de saúde. Ler mais

RICEPLUS: A inovação do arroz Carolino

Este projeto visa dotar tecnologicamente a Novarroz – Produtos Alimentares S.A., empresa líder na indústria de transformação de arroz em Portugal, para a produção de produtos alimentares baseados em arroz, com perfil nutricional e sensorial superior e inovador.

28/12/2018 , Por Paula Ascenção