O Desenvolvimento Sustentável da Rede Elétrica Inteligente

Entrevistamos João Peças Lopes, Investigador Responsável do projeto ESGRIDS, cofinanciado pelo COMPETE 2020, que visa “desenvolver novas metodologias científicas associadas a soluções disruptivas para responder aos desafios que se perspetivam para os sistemas elétricos do futuro”.

 

Quais foram os principais desafios com que se deparam no desenvolvimento do projeto?

O projecto ESGRIDS visou desenvolver novas metodologias científicas associadas a soluções disruptivas para responder aos desafios que se perspetivam para os sistemas elétricos do futuro, implementando uma abordagem multidisciplinar junto dos principais atores do sistema elétrico: utilizadores finais de energia, operadores da rede e mercados/regulação. Envolveu desenvolvimentos em 3 grandes domínios: Utilizador Final de Energia, Operação e Controlo da Rede Elétrica de Distribuição, Mercado e Modelos de Negócio.

O projeto foi desde o início desenvolvido com uma preocupação de tentar fazer investigação de forma colaborativa envolvendo as equipas associadas no consórcio. Este acabou por ser um dos grandes desafios do projeto. Simultaneamente foi desafiante desenvolver investigação de baixos / médios TRLs (Technology readiness levels), que pudesse ser partilhada de forma sinergética, com o objetivo de alavancar outros projetos de TRLs mais elevadas em propostas H2020 ou em projetos com a indústria.

O projeto enfrentou, contudo, outro tipo de desafios (não técnicos) que resultaram principalmente da dificuldade com a contratação de investigadores Doutorados. As razões para estas dificuldades nos processos de contratação de recursos humanos resultaram da falta de esclarecimentos sobre o quadro regulamentar em vigor e que foi alterado no início do projeto. Acresceu a este facto a burocracia excessiva imposta em todo os processos de realização de missões e aquisição de componentes e equipamentos.

 

De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?

A realização do projeto, que ainda não foi concluído e que se espera possa ter uma extensão de mais um ano, permitiu até ao momento que os indicadores de desempenho propostos, nomeadamente publicações científicas com revisão por pares em revistas académicas e artigos apresentados em congressos internacionais, fossem largamente excedidos.

Foram realizados trabalhos de investigação nas arquiteturas de gestão e controlo do sistema elétrico do futuro, na capacidade de resposta da procura de eletricidade incluído a componente comportamental, foram desenvolvidas novas soluções no domínio da eletrónica de potência (em particular as que envolviam o carregamento controlado de veículos elétricos e suas interações com as redes e habitações em modo V2X), trabalharam-se soluções de comunicação inteligente para a operação da rede elétrica e desenvolveram-se modelos de negócio e transação de energia elétrica ao nível "peer-to-peer", entre outras.

 

Qual o contributo do COMPETE 2020 para o percurso da Vossa empresa?

O Compete 2020 tem sido um instrumento de financiamento fundamental para o desenvolvimento de vários tipos de projetos, quer projetos científicos como o ESGRIDS caraterizados por baixos / médios TRLs que estão na base da cadeia de valor da atividade de investigação da instituição, permitindo obter conhecimento fundamental para transferir para a indústria e economia em TRLs mais elevados. O Compete também tem co-financiado projetos de copromoção com empresas industriais permitindo a transferência de tecnologia e know how desenvolvido na instituição e transferido depois para a economia.

 

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Cientifica e Tecnológica (Programas de Atividades Conjuntas - PAC), envolvendo um investimento elegível de 2,1 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de 1,8milhões de euros.

23/10/2019 , Por Miguel Freitas
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