Eficiência e inovação Energética de mãos dadas para mais competitividade

Durante séculos, o crescimento económico parecia depender da utilização de recursos naturais como se estes fossem inesgotáveis. O resultado imediato: crise de recursos e aumento de preços. A médio prazo olhamos para o mundo que conhecemos e vemos ecossistemas a desaparecer. E não há crescimento e competitividade sem equilíbrio.

Ao modelo tradicional de produção linear hoje respondemos com modelos circulares, onde nada se perde e tudo se transforma e onde o respeito pelos ecossistemas e pela fragilidade dos mesmos marca a concepção do processo produtivo desde o seu início.

A União Europeia tem uma estratégia de longo prazo para reduzir os danos da utilização insustentável dos recursos naturais. O objetivo é criar mais valor utilizando menos recursos e encontrando soluções alternativas sempre que possível.

É neste contexto que a aposta na inovação é crucial: para uma competitividade sustentável, precisamos de tecnologias, processos e modelos de negócio que utilizem os recursos mais eficientemente. A União Europeia tem por objetivo transformar a Europa numa economia competitiva e verde, ou de baixo carbono. Para tal é fundamental fazer alterações na produção e consumo de forma a reduzir a pressão no ambiente.

O setor da energia destaca-se pelo impacto significativo e papel que desempenha em todos ou outros setores, no desenvolvimento sustentável, e nos desafios societais. Portugal tem revelado um grande dinamismo na produção de energia elétrica a partir de fontes de energia renováveis, particularmente eólica, hídrica e fotovoltaica. Os valores relativos às fontes eólicas e hídrica quase duplicaram entre 2008 e 2011, enquanto a produção de energia elétrica a partir de energia fotovoltaica tem vindo a crescer exponencialmente, embora o seu peso na produção nacional de energia ainda se mantenha reduzido.

Em paralelo procura-se mitigar o impato do modelo tradicional de consumo no planeta, designadamente estudar as alterações climatéricas e o efeito do aquecimento global no aumento do número de fogos florestais.

A mudança para uma economia de baixo carbono e eficiente na utilização de recursos representa um desafio e uma oportunidade. 

É natural que à medida que uma sociedade se torna mais desenvolvida, aumentem as suas necessidades de conforto e o consumo de energia. Mas não tem de ser assim.

É possível fazer uma utilização responsável, ou seja, consumir menos energia em cada produto ou serviço que utilizamos, sem alterar o nosso estilo de vida ou sem abdicar do nosso conforto.

A isto chama-se eficiência energética e não é um conceito difícil de perceber nem de praticar, mas implica tomar medidas.Quer um exemplo? Apagar a luz ao sair de uma divisão é um bom princípio. Mas para além da questão dos comportamentos só conseguimos ser energeticamente eficientes se recorrermos a tecnologias e processos que permitam evitar o desperdício em todas as fases.

Assim, desde que a energia que existe na natureza e se transforma em calor, frio, ou luz, é preciso atuar para evitar perdas com base numa otimização dos sistemas.

O mesmo acontece em relação ao consumo. O desperdício de energia que ocorre nesta fase implica adotar medidas que permitem uma melhor utilização da energia, tanto no sector doméstico, como nos sectores de serviços e indústria.

Toda a energia passa por um processo de transformação após o qual se transforma em calor, frio, luz, etc. durante essa transformação uma parte dessa energia é desperdiçada e a outra, que chega ao consumidor, nem sempre é devidamente aproveitada. A eficiência energética pressupõe a implementação de medidas para combater o desperdício de energia ao longo do processo de transformação.

A eficiência energética acompanha todo o processo de produção, distribuição e utilização da energia, que pode ser dividido em duas grandes fases: Transformação e Utilização.

A energia existe na natureza em diferentes formas e, para ser utilizada, necessita de ser transformada. Os processos de transformação, transporte e uso final de energia causam impactos negativos no meio ambiente. Parte destas perdas é inevitável e deve-se a questões físicas, mas outra parte é perdida por mau aproveitamento e falta de optimização dos sistemas.

Esse desperdício tem vindo a merecer a crescente atenção das empresas que processam e vendem energia. Por outro lado, sendo a energia um bem vital às economias, este tema faz parte da agenda política de vários países e tem vindo a suscitar uma crescente inquietação da comunidade internacional.

O desperdício de energia não se esgota na fase de transformação ou conversão, ocorrendo também durante o consumo.

Nesta fase, a eficiência energética é frequentemente associada ao termo "Utilização Racional da Energia" (URE), que pressupõe a adopção de medidas que permitem uma melhor utilização da energia, tanto no sector doméstico, como nos sectores de serviços e indústria.

Através da escolha, aquisição e utilização adequada dos equipamentos, é possível alcançar significativas poupanças de energia, manter o conforto e aumentar a produtividade das actividades dependentes de energia, com vantagens do ponto de vista económico e ambiental.

O COMPETE 2020 atua ativamente na promoção do crescimento sustentável, incentivando uma utilização eficiente dos recursos e contribuindo para a transição de uma economia de baixo carbono, interrelacionados com o potencial crescimento de atividades relacionadas com a economia verde e azul, com o desenvolvimento das regiões e com a criação de emprego.

Nesta edição da Newsletter vamos apresentar-lhe 4 projetos onde se investiga e desenvolve soluções para mais Eficiência e Inovação Energética:

 

  • Dry2Value - Estudo e desenvolvimento de um sistema de secagem para valorização de lamas

O Dry2Value centra-se no desenvolvimento e construção de um sistema protótipo de secagem de lamas, capaz de diminuir drasticamente o teor de humidade, até cerca de 20% se a aplicação for para fins agrícolas, ou até 10% se a opção for a valorização energética.O sistema de secagem a desenvolver será cerca de 30% mais económico em termos de custo de investimento, e terá ainda a vantagem de utilizar de modo flexível, energias renováveis (biomassa, lamas secas, biogás e outros gases quentes eventualmente disponíveis no processo industrial). O projeto é realizado por um consórcio composto pela HRV – Equipamentos de Processos, S.A. (promotor líder), a Lena Ambiente, S.A. e a Universidade de Coimbra. O Dry2Value traduz-se num instrumento integrado e coordenado entre empresas e centros de saber relevantes, como a do Departamento de Engenharia Química (DEQ) e Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Universidade de Coimbra

 

  • ISOSMART -  Isoladores inteligentes

Promovido pela empresa INDISOL, S.A. este projeto  visa a criação de uma nova geração de isoladores inteligentes para a aplicação em Smart Grids( rede inteligente), os quais asseguram uma gestão remota e ativa do transporte e monitorização de energia.

 

  • Smart Green Home

Conversámos com  Sérgio Salústio, Director do Consórcio Smart Green Homes entre a Bosch e a Universidade de Aveiro. Este projeto desenvolve soluções integradas de produtos e tecnologias para ambiente doméstico, elevando os padrões de conforto, segurança e satisfação de utilização a um novo nível e, ao mesmo tempo, dar resposta aos problemas de sustentabilidade do planeta, aumentando a eficiência energética e diminuindo as emissões de gases poluentes e o consumo de água. 2019 marca a concretização de 2 anos de investigação e serão construídos  os elementos de aquecimento de água e condicionamento do ar ambiente e os elementos de conectividade e controlo que irão compor a nosso portfolio com soluções inteligentes de aquecimento e ar condicionado para casas confortáveis e sustentáveis.

 

  • FLEXERGY: A aposta da Efacec em sistemas de armazenamento de energia

Através deste projeto, a Efacec propõe-se a desenvolver uma nova solução de gestão avançada para sistemas de armazenamento de energia baseados em baterias que dará resposta a alguns dos maiores desafios do setor elétrico. O sistema vai combinar, numa plataforma, um conjunto de funcionalidades totalmente disruptivas, que promovem a integração de fontes de energia renovável e micro-redes, em termos de operação da rede à qual se ligam, ou mesmo para alavancar o desempenho de ativos de produção de energia a partir de fontes renováveis, enquanto atendem às especificidades do próprio sistema de armazenamento.  

 

31/01/2019 , Por Paula Ascenção