Terra de heróis, a Região Centro aposta na competitividade das suas empresas e dos seus centros de saber

Esta semana continuamos a olhar para a relevância dos apoios do COMPETE 2020 para alterar os paradigmas produtivos e colocar as regiões menos desenvolvidas do Continente – Norte, Centro e Alentejo - em patamares de competitividade sustentável e contribuir para uma maior coesão territorial.

O programa COMPETE 2020 aposta no crescimento inteligente e no desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e na inovação, designadamente nos domínios da Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente. As empresas, em particular as PME, são destinatários preferenciais, procurando o Programa estimular o empreendedorismo, a capacidade inovadora e o desenvolvimento de estratégias mais avançadas, baseadas em recursos humanos qualificados e com um forte enfoque na cooperação e noutras formas de parceria, como redes e clusters.

Orientado para as regiões menos desenvolvidas do Continente como referido é complementado pelos Programas Operacionais Regionais do Continente, com os quais forma uma rede através da qual são colocados no terreno um conjunto diversificado de instrumentos de política pública com regras e objetivos comuns.

Olhamos para a região do Centro, que para o efeito corresponde ao nível III da Nomenclatura de Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS), aprovada pela Comissão Europeia e que compreende, integralmente, os distritos de Coimbra, Castelo Branco e Leiria, a maior parte dos distritos de Aveiro e Guarda, e cerca de um terço do Distrito de Santarém. Limita a norte com a Região Norte, a leste com a Espanha, a sul com a Região Alentejo, a sudoeste a Região Lisboa e a oeste com o Oceano Atlântico.

Região de lendas e heróis nacionais, foi berço de nascimento de seis reis de Portugal, da Primeira Dinastia, assim como da primeira Universidade do País (Coimbra) e uma das mais antigas da Europa.

De acordo com o Barómetro “Centro de Portugal”de julho de 2017, publicado pela CCDR - Centro, residiam na Região Centro (a 31 de dezembro 2016) 2,2 milhões de pessoas , o que representava 21,8% da população nacional. O peso da população residente na Região Centro no total nacional era semelhante ao dos dois anos anteriores (os mais baixos das duas últimas décadas). As quatro sub-regiões do litoral concentravam 65% da população total do Centro, peso que sobe para os 87% se considerarmos ainda Viseu Dão-Lafões e Médio Tejo. Face ao ano anterior, a população residente na Região Centro diminuiu 0,55% enquanto, em termos médios, no país decresceu 0,31%. É, assim, uma região extensa no contexto nacional, mas com uma baixa densidade demográfica sobretudo no interior.

Os indicadores económicos da região mostram em 2016 um novo fôlego: as exportações de bens da Região Centro ascenderam  a 11,1 mil milhões de euros, o valor mais elevado do período em análise, bem como o maior peso da região no país, passando a representar 22,1% do total nacional. As exportações de bens superam largamente as importações de bens (137,6%), tendo-se obtido, em 2016, uma das mais elevadas taxas de cobertura regional desde 2004.

Em 2017, foi a vez de o turismo contribuir para este crescimento: o Centro de Portugal foi a região de turismo do país que mais cresceu em abril, relativamente ao mesmo mês de 2016, segundo indicadores revelados hoje pelo INE - Instituto Nacional de Estatística.

Destaque para a aposta da região em Investigação e Desenvolvimento (I&D). De acordo como o Barómetro referido em 2014, o total de investimento orçou em 439 milhões de euros, representando 19,7% da despesa nacional em I&D. O peso do investimento em I&D no produto interno bruto (PIB) também aumentou na região face aos anos anteriores, situando-se acima da média do país (1,35%). A proporção do investimento regional em I&D executado pelo setor privado, em 2014, situou-se nos 48,8%, superando  a média nacional.

Dados reportados a 30 de junho 2017 (Ponto de Situação, Incentivos às Empresas Portugal 2020, N.º 24), mostram que no âmbito dos Sistemas de Incentivos, a região Centro representa 35% do total do incentivo aprovado, ou seja 1,19 mil milhões de euros, correspondendo a 2,27 mil milhões de investimento.

Considerando apenas o contributo do COMPETE 2020 (Ponto de Situação COMPETE 2020, N.º 24), a região Centro, representa 30% do total do incentivo aprovado, ou seja 780 milhões de euros, correspondendo a 1,5 mil milhões de investimentos.

Nesta edição dedicada ao Centro vamos falar-lhe de projetos de Inovação e Investigação e Desenvolvimento empresarial que garantem a diferenciação. Destaque para as áreas estratégicas iminentemente exportadoras e altamente qualificadas como o caso das Biotecnologias e ciências biomédicas e o setor dos moldes, mas também para o desenvolvimento de projetos de eco-inovação e de novos produtos em fábricas que fazem parte do nosso imaginário colectivo.

 

  • Projeto : Labesfal - Aumento da capacidade produtiva para produção de penicilinas

Com a criação desta nova unidade fabril a empresa Labesfal será possível dar resposta às crescentes solicitações do mercado, em particular ao nível da procura de penicilinas, acompanhar as exigências impostas pelo mercado, por via da otimização dos níveis de eficiência e flexibilidade produtivas, e incrementar os níveis de qualidade, segurança e eficácia associados aos seus processos e produtos,mais concretamente ao nível da produção de penicilinas, dando cumprimento aos requisitos de boas práticas de fabrico no setor e às normas aplicáveis à indústria farmacêutica, a fim de assegurar o acesso dos seus produtos aos exigentes mercados internacionais.

Este projeto terá impato no volume de negócios que se espera em pós-projeto atinja os 133 milhões de euros e envolverá a criação de 114 postos de trabalho.

 

  • Projeto “SOMEMA IPB”

Este projeto envolve a criação de uma nova unidade industrial com forte capacidade produtiva e de inovação, que permita a produção de moldes de grandes dimensões para peças plásticas de interiores e exteriores para automóvel, como Painéis de instrumentos e Para-choques.O maior investimento da história da empresa que espera aumentar a sua facturação em 40% até 2019. Mais exportações, clientes mais satisfeitos e a criação líquida de 21 postos de trabalho altamente qualificado.

 

  • Projeto GreenSolarShade

Este projeto tem por objetivo desenvolver um sistema inovador e sustentável de coberturas verdes assentes em estrutura metálica para sombreamento de parques de estacionamento com capacidade de produção de energia e aproveitamento das águas pluviais. A solução a desenvolver será um sistema híbrido que integra módulos de cobertura verde, painéis fotovoltaicos com seguidor solar, prevendo-se para isso a possibilidade da alteração da posição dos painéis conforme o ângulo solar, e sistema de aproveitamento das águas pluviais.

O projeto é desenvolvido por um consórcio liderado pela  Constálica S.A. contando com o Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Ciências da Construção (ITeCons) e a Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP).

 

  • Projeto “CASA – Ceramic Alternative Strong Article"

No âmbito de uma investigação em consórcio entre a Vista Alegre Atlantis, S.A e a Mota II Soluções Cerâmicas, S.A., o projeto CASA tem como principal objetivo o desenvolvimento de novos produtos de louça de mesa, com elevada riqueza cromática, similar à exibida pela louça em faiança, mas com resistência mecânica suficiente para poder ser usada em condições de elevadas solicitações mecânicas e termomecânicas e conferindo ao produto maior durabilidade e facilitando o seu uso diário como artigo de tableware. Em paralelo, o projeto tem em vista a redução dos custos de produção entre 10 a 20 % (através da diminuição de custos de matéria-prima por diminuição da espessura das peças) e da diminuição dos consumos energéticos entre 10 e 20% por supressão de uma operação de cozedura.

 

07/08/2017 , Por Paula Ascenção