Energia e alterações climáticas, campos de inovação fundamentais para a competitividade sustentável.

Durante séculos, o crescimento económico parecia depender da utilização de recursos naturais como se estes fossem inesgotáveis. O resultado imediato: crise de recursos e aumento de preços. A médio prazo olhamos para o mundo que conhecemos e vemos ecossistemas a desaparecer. E não há crescimento e competitividade sem equilíbrio.

Ao modelo tradicional de produção linear hoje respondemos com modelos circulares, onde nada se perde e tudo se transforma e onde o respeito pelos ecossistemas e pela fragilidade dos mesmos marca a concepção do processo produtivo desde o seu início.

A União Europeia tem uma estratégia de longo prazo para reduzir os danos da utilização insustentável dos recursos naturais. O objetivo é criar mais valor utilizando menos recursos e encontrando soluções alternativas sempre que possível.

É neste contexto que a aposta na inovação é crucial: para uma competitividade sustentável, precisamos de tecnologias, processos e modelos de negócio que utilizem os recursos mais eficientemente. A União Europeia tem por objetivo transformar a Europa numa economia competitiva e verde, ou de baixo carbono. Para tal é fundamental fazer alterações na produção e consumo de forma a reduzir a pressão no ambiente.

Em paralelo procura-se mitigar o impato do modelo tradicional de consumo no planeta, designadamente estudar as alterações climatéricas e o efeito do aquecimento global no aumento do número de fogos florestais.

A mudança para uma economia de baixo carbono e eficiente na utilização de recursos representa um desafio e uma oportunidade. 

O COMPETE 2020 atua ativamente na promoção do crescimento sustentável, incentivando uma utilização eficiente dos recursos e contribuindo para a transição de uma economia de baixo carbono, interrelacionados com o potencial crescimento de atividades relacionadas com a economia verde e azul, com o desenvolvimento das regiões e com a criação de emprego.

Na semana em que Portugal vive o fogo mais dramático da sua história, vamos falar de projetos que investigam o impato dos fogos florestais nas alterações climáticas e de projetos que vão revolucionar a forma como consumimos e produzimos energia.

 

  • Projeto FIRE-C-BUDs

O projeto FIRE-C-BUDs – "Efeitos indiretos de incêndios florestais nos fluxos e no balanço de carbono", pretende avaliar os efeitos indiretos de incêndios florestais no ciclo de carbono em áreas florestais recentemente ardidas, combinando cinco metodologias complementares e, em comparação com estudos anteriores, acrescentando duas componentes novas (ao nível de fotossíntese da planta e exportações de carbono por escorrência superficial do solo).

Os incêndios florestais podem afetar negativamente muitos dos serviços de ecossistema que as florestas providenciam, como, por exemplo, o de proteção contra erosão e o de sequestro de carbono, fundamental para a regulação do clima.

A implementação do projeto está a cargo do investigador responsável Jan Jacob Keizer, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar – CESAM, laboratório associado à Universidade de Aveiro em colaboração com dois consultores internacionais, Prof. Dr. Thomas Foken (University of Bayreuth, Alemanha) e Prof.a Dra Penelope Serrano Ortiz (University of Granada, Espanha).

 

  • Projeto PAVENERGY - Soluções de Geração de Energia nos Pavimentos

A aposta nos veículos elétricos tem a ambição de substituir cerca de 10% dos combustíveis atualmente consumidos no sector dos transportes rodoviários por eletricidade, o que equivalerá a uma redução das importações de aproximadamente 5 milhões de barris de petróleo pelo facto de a eletricidade que irá substituir esses combustíveis fósseis em 2020 ser maioritariamente de origem renovável.

O objetivo geral deste projeto, promovido pela Universidade de Coimbra, é o desenvolvimento e a implementação de um sistema eletromecânico ou piezoelétrico inserido no pavimento para a produção de energia elétrica através do movimento dos veículos.

Esta energia será utilizada não só para o carregamento das baterias dos veículos elétricos, mas também para utilização geral através de uma utilização direta por equipamentos elétricos, tais como semáforos, aparelhos de iluminação pública, painéis publicitários.

 

  • Projeto Smart Green Home

O projeto Smart Green Home, apresenta uma solução integrada de investigação em conectividade, energias renováveis, eficiência energética, reciclagem e materiais inteligentes para soluções disruptivas em residências sustentáveis com o máximo conforto e segurança.

O Smart Green Home irá centrar-se, essencialmente, em seis linhas de I&D de produtos e serviços: bombas de calor e sistemas de condicionamento e tratamento de ar; aquecimento por combustão de gás; aquecimento elétrico; tratamento de água; interface e comunicação para equipamentos de conforto; e controlo integrado de sistemas residenciais.

Este projeto é promovido pela Bosch em consórcio com a Universidade de Aveiro.

 

  • NEXTSTEP - NEXT distribution SubsTation improvEd Platform

Liderado pela Efacec Energia, este projeto visa desenvolver um inovador Posto de Transformação, com demonstração na rede de distribuição em Baixa Tensão, agregando a experiência, a expetativa da indústria e o conhecimento e a capacidade científica que as entidades do consórcio aportam. A solução inovadora proposta para o PT (Posto de Transformação) permitirá aumentar drasticamente a eficiência junto aos locais de consumo, ao oferecer mecanismos de resiliência de rede e de gestão em prol da eficiência energética, suportados por sistemas inteligentes distribuídos e por standards de comunicação. Algumas das TIC desenvolvidas no âmbito deste projeto podem também ser utilizadas noutros domínios industriais, em prol da eficiência dos sistemas de produção, bem como dos processos produtivos, visando uma maior competitividade. 

 

19/06/2017 , Por Paula Ascenção