Indústria 4.0 | Um desafio para as empresas nacionais alavancado pelo COMPETE 2020

A indústria vive um processo de mudança revolucionária: num futuro que já é presente, podemos esperar ver fábricas que operam como um único complexo integrado. Dispositivos de fabricação automatizada conectados, associados a um processo de negócios que controla o fluxo de materiais e logística.

A ligação destas fábricas inteligentes a um projecto assistido por computador permitirá que o fluxo de produção seja alterado à medida que o design do produto evolui ou incorpora novos produtos

Estas novas fábricas flexíveis podem ser conectadas ao site da empresa, ou podem receber informações diretamente dos pontos de venda.Os fluxos de produção e logística podem ser ajustados à procura e os produtos podem ser personalizados para atender a pedidos específicos dos clientes.

Com a crescente concorrência e procura dos consumidores por produtos inovadores estas fábricas flexíveis e escaláveis permitem respostas prontas às tendências emergentes.

Nestes novos espaços os recursos humanos ganham uma importância crescente. Libertos de processos mecânicos e rotineiros, a aposta crescente está na criatividade e no processo de adaptação inteligente e de procura constante de vantagens competitivas.

Esta descrição não é ficção, é um desafio a que as empresas portuguesas estão a responder de forma ativa e encontram nos instrumentos do COMPETE 2020 a alavanca ajustada. Num programa que aposta no crescimento inteligente e dinamiza a inovação disruptiva ou incremental as empresas encontram as respostas adequadas para um caminho que as conduzirá a uma nova forma de pensar a produção : uma lógica ciber-conectada.

A quarta revolução industrial, mais conhecida como "Indústria 4.0", foi nomeada assim por um grupo liderado por empresários, políticos e académicos, que a definiram como uma forma de aumentar a competitividade da indústria alemã por meio da inserção de "sistemas ciber-físicos", ou CPS, aos processos industriais. Noutras palavras, a Indústria 4.0 é o equivalente industrial da Internet das Coisas, a ideia de conectar toda sorte de objetos, de termostatos a torradeiras, à internet.Um dos aspectos mais tangíveis da quarta revolução industrial é a ideia de um "design voltado para o consumidor". Isso significa que os consumidores irão usar as fábricas para criar seus próprios produtos, e que as empresas irão fabricar produtos personalizados para cada consumidor.

O potencial desse novo modelo de produção é imenso. Por exemplo, a comunicação entre os produtos inteligentes conectados à Internet das Coisas e as máquinas que os produzem significa que os objetos poderão monitorar seu próprio uso e tempo de funcionamento.

Além do mais, a crescente integração entre fábricas inteligentes e infraestruturas industriais poderia resultar em uma grande redução do gasto energético. Como o grupo de pesquisa da Indústria 4.0 afirma em um dos seus relatórios, muitas fábricas gastam enormes quantidades de energia durante as pausas na produção, que ocorrem em fins-de-semana e feriados, algo que poderia ser evitado com o advento das fábricas inteligentes.

Internet das coisas, big data, gamificação, impressão 3D, bitcoin, blockchain, indústria 4.0, inteligência artificial, robotização, realidade virtual, digitalização da economia, disrupção digital, carros voadores, consultas médicas online através do telemóvel, comércio online, sensores digitais... A lista é interminável e pode ser avassaladora para as empresas privadas e públicas. Como vão elas usar tudo isto nos seus negócios? Que conceitos e tecnologias vão aplicar? Quanto é que precisam investir? E que retorno vão ter? E isto vai obrigar a despedir pessoas? Hoje, o significado de inovar deixou de ser apenas introduzir novidades, renovar, inventar ou criar.

Nesta edição da Newsletter falamos-lhe desta revolução - Indústria 4.0 – e de alguns dos projetos de empresa que no COMPETE 2020 encontraram mecanismos de estímulo para vencer o desafio da INOVAÇÃO:

  • Projeto SM 4.0 – Smart Manufacturing

Um projeto de Inovação da empresa Socem Inpact que opera na indústria de moldes, num nicho específico de moldes protótipos, suportes de medição, prototipagem e tecnologias aditivas, além da engenharia e desenvolvimento de produto. Este projeto envolve a automatização da produção permitindo um sistema robotizado de troca automática de ferramentas, centramento dos moldes/peças com sistemas por infravermelhos, calibradores laser das ferramentas com registo automático das mesmas e da inserção de sistemas de paletização automáticos, possibilitando a comutação automática através de robótica com a mesa que se encontra na máquina e integração de funções através do software.

Ao mesmo tempo que se investe em inovação de produção, também se pensa nas tecnologias digitais, nomeadamente com base em softwares 3D e programação, que têm permitido uma enorme evolução na conceção e desenvolvimento de produto, o que tem permitido aumentar a qualidade e o rigor, representando valor acrescentado para os clientes. A associação destas tecnologias à produção com equipamentos de fabricação digital (impressoras 3D, CNC, etc.) permite uma mudança de paradigma nos processos de criação de novos produtos promovendo a inovação e a competitividade. A adoção destas tecnologias e processos constitui um passo determinante para a inovação de produto e desenvolvimento de soluções diferenciadoras num mercado global.

 

  • Projeto Bi-Silque Transformation 4.0

Este projeto  visa revolucionar a automação, eficiência e sustentabilidade do processo produtivo da Bi- Silque uma empresa de cariz familiar fundada em 1979 vocacionada para a produção e venda de artigos de comunicação visual para casa e escritório. Está prevista a criação de 11 postos de trabalho.

A estratégia para o presente projeto de investimento assenta numa lógica quadripartida: automação Industrial e Robotização (Indústria 4.0); melhoria na logística - entrada e saída de produtos, armazenamento automatizado e informatizado; sustentabilidade no uso dos recursos: energética e ambiental e segurança e qualidade nas condições trabalho, melhorando qualidade vida dos colaboradores, a sua satisfação e consequente aumento de produtividade.

 

  • Projeto CIN - Smart Factory for Innovative Coatings

O projeto CIN - Smart Factory for Innovative Coatings centra-se na alteração fundamental do processo produtivo da Nave Central da CIN, visando a introdução de um conceito inovador a nível internacional no âmbito do setor das tintas e vernizes, nomeadamente o conceito de “Fábrica Inteligente". Um projeto que é uma alteração fundamental de natureza inovadora e estruturante, que afetará o processo de transformação do produto, desde que a matéria-prima chega ao armazém, até ao momento em que o produto acabado é embalado para expedição. 

A introdução do referido conceito implica, pois, uma abordagem holística que contempla alterações em todas as fases do processo produtivo, incluindo: reengenharia do fluxo de materiais ao longo da cadeia de valor, incluindo a criação de canais de dedicados; endogeneização de tecnologias produtivas de ponta, mais inteligentes e eficientes; maior integração entre os sistemas físicos e os sistemas digitais, numa lógica de Indústria 4.0.

  • P&R entering 4.0 industry dimension

Com este projeto a P&R Têxteis pretende implementar soluções que visem a melhoria e desmaterialização dos processos internos e que possibilitem simultaneamente otimizar as ferramentas de gestão, permitindo uma análise global dos principais indicadores de desempenho, potenciando uma maior eficiência ao nível da capacidade, do rigor e da rapidez da decisão estratégica. É o projeto que permitirá lançar as bases tecnológicas e organizacionais para a introdução de uma nova filosofia industrial e organizacional 4.0 na empresa.

Com este projeto a P&R Têxteis consolidará a sua presença na área de vestuário técnico desportivo, trabalhando segundo um conceito de partenariado estratégico com clientes e consumidores, mantendo-se na vanguarda do setor, quer no private label quer na marca própria, através da adoção de estratégias inovadoras de marketing e organizacionais, dando visibilidade a produtos de marca portuguesa de alta qualidade, projetando e afirmando Portugal além-fronteiras.

 

23/11/2017 , Por Paula Ascenção