COMPETE 2020 alavanca investimento empresarial nas Regiões de Trás os Montes e Alto Douro

O investimento em novas unidades produtivas de bens transaccionáveis é essencial para alavancar o crescimento da economia portuguesa, pressupondo-se a adopção de um novo paradigma de produção industrial com incorporação de serviços de valor acrescentado, inovação e tecnologia – vertical e horizontal.

A Região de Trás-os-Montes e Alto Douro situa-se no Norte de Portugal, correspondendo aos distritos de Vila Real e Bragança, e alguns concelhos, a norte, do distrito de Viseu e da Guarda. O relevo da região é formado por altas montanhas cortadas por vales profundos e o clima é temperado continental sendo mais frio nas zonas montanhosas e mais ameno ao longo do Rio Douro. Aqui se produz o famoso vinho do Porto, os vinhos do Douro, o azeite e o mel. 

É uma região com uma baixa densidade populacional, dados de 2016 publicados pelo INE, mostram que o número de habitantes da região representava apenas 8% do total de habitantes da reigão Norte e acrescia um índice de envelhecimento de 250 ( índice nacional de 150,9).  Relativamente aos indicadores de exportação , sendo o Norte uma região fortemente exportadora, Trás os Montes e Alto Douro  representou, em 2016, 4% do total de mercadorias exportadas pelo Norte e o volume de negócios da indústria transformadora representou 3% ( face ao total do Norte).

A consolidação do crescimento económico e da criação de emprego constituem os desafios mais relevantes da economia portuguesa e dependem, essencialmente, do reforço da competitividade e inovação das empresas nacionais. A dimensão tecnológica é parte integrante duma matriz de desenvolvimento nacional dado que o futuro de uma indústria terá de ser sustentado pelo desenvolvimento constante do conhecimento e em tecnologia, e inteiramente virada para o mercado global. O futuro das empresas dinâmicas depende da aposta na tecnologia, seja ao nível a conceção de ideias novas de serviços e produtos e da operacionalização de centros modernos rentáveis de produção, seja sobretudo ao nível da construção e participação ativa em redes internacionais de comercialização e transação de produtos e serviço.

O atual contexto é de concorrência acrescida, o que faz aumentar a pressão, quer para a compressão dos custos quer para o aumento da qualidade e da inovação em novos produtos. Face à tendência para a contração da população ativa, esforços adicionais devem ser desenvolvidos para aumentar as qualificações da força de trabalho, de forma a preencher a nova procura no mercado de trabalho, resultante quer da substituição da força de trabalho, quer do aumento da procura líquida de trabalho promovido pelo desejável crescimento de empresas inovadoras.

E é nesta oportunidade que a inovação desempenha um papel fundamental, uma vez que ela é capaz de gerar vantagens competitivas a médio e longo prazo.

A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos de uma empresa, diferenciando-a, ainda que momentaneamente, no ambiente competitivo. Ela é ainda mais importante em mercados com alto nível de competição e cujos produtos são praticamente equivalentes. Aqueles que inovam neste contexto, seja de forma incremental ou radical, de produto, processo ou modelo de negócio, ficam em posição de vantagem em relação aos demais.

Inovar é fundamental permitindo que as empresas possam aceder a novos mercados, aumentem as suas receitas, realizem novas parcerias, adquiram novos conhecimentos e aumentem o valor das suas marcas.

Nesta edição da Newsletter vamos apresentar-lhe 4 projetos de empresas da região de Trás-os-Montes e Alto Douro que atuam em setores diversos mas que têm um denominador comum: a aposta na diferenciação e a criação de postos de trabalho.

Conheça uma das unidades mais sofisticadas de Portugal com tecnologia 4.0, uma empresa que trabalha para o segmento de luxo de perfume e cosmético e que quer criar um marca própria, um projeto de I&D de uma empresa que quer ser pioneira no mercado de lentes oftálmicas progressivas de vidro e a ambição de uma empresa de conquistar mercados para  quartzo de alta pureza : 

 

1. Uma linha de transformação de quartzo alta pureza em Trás-os-Montes

Com a aquisição da unidade de transformação de quartzo de alta pureza e com criação do laboratório, a Quarpor passa a poder comercializar o quartzo com as necessidades específicas do mercado. Consegue-se assim uma elevada rentabilização dos investimentos, ao mesmo tempo que a empresa adquire capacidade para exportar os seus produtos para o Japão, Alemanha, Itália e Espanha.A totalidade da matéria-prima utilizada no processo de transformação é proveniente do território nacional, que atualmente só explora o quartzo de baixa qualidade, utilizado para construção civil, decoração e cerâmica, não potenciando as jazidas de elevada qualidade, os quais tem grande procura para incorporar em produtos de alto valor transacionável. Este quartzo de alta pureza é orientado para o mercado externo.A realização deste projeto será potenciador de criação de alternativas de emprego à agricultura e em serviços não comerciais em Trás-os-Montes, evitando a desertificação e o declínio desta zona do país. A empresa pretende proceder à contratação de novos colaboradores qualificados na área de engenharia e qualidade, com elevada competência na área, sendo por isso, uma influência positiva e alavanca na economia local pela aposta em quadros superiores de engenharia nas áreas da TIC aliados aos processos de produção.

 

2. Uma fábrica de perfumes e cosméticos para segmento luxo e criação de uma marca própria 

Conversámos com António José Flores, sócio-gerente e co-fundador da MIL POSSIBILIDADES, uma empresa Trasmontana dedicada à produção de perfumes e cosméticos. Nascido em Trás-os-Montes e depois de trabalhar várias décadas na indústria da perfumaria em França regressou em 2006 a Portugal e a Trás-os-Montes para investir no que melhor sabia fazer. Juntamente com dois sócios cria a MIL POSSIBILIDADES, uma empresa que se dedica ao embalamento de amostras de cosméticos para o segmento de luxo. O projeto vai de criação de uma nova unidade industrial vai permitir produzir gamas completas para novas empresas e projetar e desenvolver uma marca própria que permitirá garantir a linha de produção em funcionamento ao longo de todo o dia.

 

3. Nova Fábrica Faurecia Escapes

Este projeto permitiu a criação de uma nova unidade industrial em Bragança dedicada à produção de sistemas de escape, sendo a única empresa do Grupo em território nacional a desenvolver esta atividade. Grupo Faurecia é um dos principais grupos mundiais no fornecimento de componentes para automóvel, possuindo uma quota de 25% do mercado global de sistemas de escape. A importância do Grupo está patenteada em indicadores como (i) a sua presença em 34 países, (ii) o facto de empregar atualmente cerca de 99,5 mil colaboradores,(iii) as suas 330 fábricas, (iv) as 505 patentes registadas em 2014, e (v) os seus 6.000 engenheiros e 30 centros de I&D. Um projeto com forte impato na criação de postos de trabalho na região e alavanca de exportações .

 

4.  Projeto SUProTOF - a ambição de ser pioneira 

Desenvolvido pela empresa POLO - Produtos Ópticos, SA e pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em regime de consultoria, este projeto envolve a criação de novos produtos para aplicação à indústria oftálmica. Ambicionando ser poineira no mercado nacional na produção de lentes oftálmicas progressivas em vidro fabricadas com recurso ao método free form, a empresa procura com este projeto desenvolver e produzir um produto inovador único no mundo, SAFIRA UV um antirreflexo com elevada resistência ao risco passível de ser aplicado em lentes plásticas. Este produto corresponde já a cerca de 21% de todas as lentes de fabrico.

17/01/2019 , Por Paula Ascenção