Líder de exportações nacionais, o setor metalúrgico e metalomecânico nacional aposta na inovação para continuar a crescer

Um setor de uma natureza tão diversa que abarca desde a produção de agulhas a gruas, tem apresentado performances exportadoras positivas nos últimos anos. O ano de 2017, dados a fevereiro publicados pela ANEME e pela AIMMAP, mostram que o crescimento se mantém a ritmo forte mesmo em relação ao ano de 2016.

Os produtos desta indústria entram na nossa vida todos os dias sem que nos apercebamos da importância dos mesmos, mas não é o mercado nacional que faz crescer o setor. No mês de Janeiro de 2017, as exportações de produtos metalúrgicos e electromecânicos aumentaram 13,2% e as importações diminuíram 3,8%, face ao mês anterior (Dezembro de 2016), facto que se traduziu num aumento de 11, 2 p.p na taxa de cobertura que se situou em 74,4% e numa redução do deficit da balança comercial no montante de 199,8 milhões de euros ( Fonte : ANEME, Barómetro).

Quanto ao destino das vendas, o mercado europeu continua a ter um peso muito forte, tendo representado no mês de fevereiro deste ano 76% do total de exportações, destacando –se como principais mercados a Espanha na liderança, logo seguida pela Alemanha, França e Reino Unido.

Logo a seguir aos 4 grandes mercados europeus, surgem, por essa ordem, os Estados Unidos da América e a China, os quais são também, naturalmente, os dois principais destinos extraeuropeus. Em contrapartida, o mercado angolano continua em perda, sendo de referir que, depois de ter sido ultrapassado pelos EUA em 2016, começa a dar sinais de poder vir também a ser ultrapassado pela China.

Um setor com uma imensa história em Portugal, viu na década de 60 do século XX uma aposta política na siderurgia (II Plano do Fomento e Reorganização Industrial) com a criação da Siderurgia Nacional.

A questão da implantação de uma indústria siderúrgica em Portugal que se debateu durante quase um século encontrava, por fim, o seu epílogo. Incansável na cruzada que há tanto tempo encabeçava, Ferreira Dias, ministro da Economia, podia finalmente proferir com redobrado orgulho a afirmação exaustivamente recordada: “País sem siderurgia, não é um país, é uma horta” A história transporta-nos para um setor metalomecânico feito de grandes empresas, como a Lisnave, a Setenave, a Sepsa, a Sorefame.

Essas grandes empresas, que viriam a ser desmanteladas ou ultrapassadas pela evolução dos mercados, deixaram uma herança: trabalhadores formados, com competências na área. E com resiliência e aposta em segmentos diferenciadores hoje as PME deste setor transportam pelo mundo a marca Portugal  

De acordo com a AIMMAP a metalurgia emprega 200 mil trabalhadores em Portugal e tem 15 mil empresas (sendo que 13 mil são microempresas). O seu volume de negócios anual situa-se nos 28 mil milhões de euros, ou seja, 16% do Produto Interno Bruto português. Depois da indústria farmacêutica, é o setor com mais patentes, marcas e modelos de utilidade da propriedade industrial.

Na Newsletter desta semana apresentamos alguns dos projetos que mostram a aposta na inovação deste setor e a sua capacidade em atrair novos players ( Investimento Direto Estrangeiro):

 

  • Eurocast Aveiro

Nova fábrica do Grupo francês metalomecânico GMD - a Eurocast, já está a funcionar em Estarreja e irá criar mais de 170 novos postos de trabalho direto. A unidade industrial destina-se à fundição de peças de alumínio a alta pressão para a indústria automóvel. A nova fábrica vai permitir introduzir em Portugal inovações no processo de produção de componentes para automóveis.

Um processo de produção único na Península Ibérica, europa e no mundo, com uma nova abordagem à produção e assemblagem de peças. Pela 1ª vez o Grupo PSA irá contratar em outsourcing a produção, maquinação e montagem de uma peça crucial dos seus motores de nova geração.

 

  • Projeto INOV_LAMI

Projeto desenvolvido em co-promoção entre a empresa FELIZ - METALOMECÂNICA , S.A. e o Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, tem por objetivo a otimização do desempenho de lajes mistas, de forma a obter soluções mais económicas e consequentemente mais sustentáveis. Com a introdução de sistemas de amarração de extremidade espera-se otimizar o desempenho das lajes mistas, de forma que estas adquiram a capacidade de atingir o estado limite último por esgotamento da resistência à flexão da secção transversal. Através do aperfeiçoamento dos modelos de cálculo, em particular do modelo de verificação do esforço transverso vertical, pretende-se otimizar o seu cálculo de forma a permitir dimensionamentos mais económicos.

O dispositivo de amarração de extremidade a desenvolver e a propor no âmbito deste projeto, bem como o novo perfil de chapa perfilada, poderão ser objeto de patente por parte da empresa promotora.

 

  • Projeto coMMUTe - Multifunctional Modular Train Floor

O principal objetivo do projeto coMMUTe é desenvolver um novo conceito de piso para aplicação em transportes coletivos, especificamente os utilizados no transporte ferroviário interurbano/regional/de alta velocidade, onde o conforto dos passageiros é um fator relevante devido à duração média da viagem. 

Proposto por 4 entidades em consórcio - MCG, Amorim Cork Composites, ITeCons e Critical Materials - o projeto coMMUTe visa conceber e desenvolver um protótipo de pavimento flutuante modular e multifuncional para interiores ferroviários com um sistema de aquecimento elétrico inteligente, que otimizará consumos energéticos em função da ocupação da carruagem e que será dotado de um sistema de controlo multizona que se encarregará de fazer autodiagnósticos de falhas e recolha de informação estatística relevante.

 

  • Projeto SLMXL: A aposta da Adira no fabrico aditivo de peças metálicas de grande dimensão

Este projeto, desenvolvido por um consórcio que inclui copromotores do sistema científico e tecnológico nacional - INEGI, IST-UTL, FCT-UNL - e as empresas envolvidas - ADIRA MFS (Promotor Líder) e Manuel Conceição Graça, tem por obejetivo desenvolver um sistema de produção para fabrico aditivo de peças/componentes metálicos de grandes dimensões, recorrendo à tecnologia laser para o processo de união dos pós metálicos.

O fabrico aditivo, referido mundialmente como percursor da terceira revolução industrial, tem um papel crescente na indústria nos países desenvolvidos e a tendência é evoluir para a fabricação de componentes de grande dimensão, nomeadamente para a indústria automóvel e aeronáutica. 

Espera-se, com a execução deste projeto, trazer ao mercado um sistema comercial dedicado à tecnologia SLM, o qual desafiará os limites produtivos atuais desta tecnologia e apresentará importantes valências ao nível da produtividade, escalabilidade, ergonomia e flexibilidade de processamento. 

22/05/2017 , Por Paula Ascenção