Shellution: A incorporação de resíduo de casca de ovo na indústria de produção de tintas e papel

O projeto Shellution visa a incorporação de resíduo de casca de ovo (que se não aproveitado acaba no aterro) na indústria de produção de tintas e papel substituindo o carbonato de cálcio (C.C) de origem geológica pelo biogénico, que permitirá conseguir C.C com um custo energético inferior, pois os montantes associados à extração e moagem são fortemente reduzidos no caso da casca de ovo.

O carbonato de cálcio é, em geral, considerado como o principal componente de rochas como os calcários e surge como uma matéria-prima utilizada em diversas indústrias, nomeadamente na do papel e tintas.

O principal foco da investigação do projeto Shellution incide sobre o aproveitamento das características sui generis da casca de ovo, como por exemplo, a sua morfologia, conferindo a este filler características que são insuperáveis em processos naturais/sintético, incrementando propriedades aos produtos finais.

O projeto é desenvolvido por um consórcio constituído pelo promotor líder a empresa Omya, S.A. e quatro copromotores, nomeadamente o Instituto Pedro Nunes, a The Navigator Company, S.A., a DEROVO – Derivados de Ovos, S.A., e a RAÍZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel.

	O COMPETE 2020 entrevistou João Duarte, Investigador do Laboratório de Ensaios, Desgaste e Materiais do Instituto Pedro Nunes e colaborador do projeto Shellution.
O que considera ser o elemento diferenciador no projeto Shellution?	Um dos elementos diferenciadores neste projeto é o aproveitamento de um resíduo biogénico, casca de ovo, com características únicas, como matéria-prima secundária, implementando políticas de Economia Circular na cadeia de valor. O projeto permite o desenvolvimento de novos produtos com propriedades melhoradas e características profícuas para a inovação possibilitando a todos os copromotores fortificar o seu posicionamento nas suas áreas de atividade.
Quais são os principais desafios com que se estão a deparar no desenvolvimento do projeto?	Um dos maiores desafios tem de haver com a capacidade de compatibilizar as novas matérias-primas para as formulações de cada produto proposto (tintas e papel) e também alcançar o desempenho desejado nos produtos após adição das novas matérias-primas.
De entre os resultados já alcançados, há algum que gostariam de destacar?	Com a adição de fillers à base de carbonato de cálcio biogénico (BCC) – Resíduo - foi possível ter desempenhos similares aos dos produtos que atualmente existem no mercado.

O Apoio do COMPETE

O projeto da Shellution conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção, envolvendo um investimento elegível de 700 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 426 mil euros.