Componentes Automóveis : uma indústria com a inovação no DNA.

O ano de 2018 marcou um recorde para a indústria de componentes automovéis : gerou 11,3 milhões de euros e ocupou a imprensa ao garantir que 98% dos automóveis produzidos na Europa têm uma peça portuguesa.  Ora, falamos de um dos sectores mais representativos da economia nacional. Falando em números, publicados pela AFIA , em 2018, 235 empresas representam 55 mil postos de trabalho ( 8% do total da indústria transformadora), tiveram um volume de negócios 11,3 milhões de euros (5% do Produto Interno Bruto) e representaram um montante de 9,4 milhões de euros de exportações.

A indústria automóvel nacional é constituída por empresas com um perfil altamente tecnológico, com padrões de grande exigência e rigor. Só com estes parâmetros conseguem ser reconhecidos e fazer a diferença. Uma diferença que se tem notado nos resultados uma vez que nos últimos anos são responsáveis por um crescimento de riqueza acima dos 8%.  Pensar no sector automóvel é pensar numa componente tecnológica e técnica elevadíssima, resultante obviamente de todo um trabalho de Investigação e Inovação (I&I) complexo e apurado que não pode ser dissociado de uma componente emocional e cognitiva relevante especialmente no que respeita a padrões de beleza, design, ergonomia e funcionalidade.

A consolidação do crescimento económico e da criação de emprego constituem os desafios mais relevantes da economia portuguesa e dependem, essencialmente, do reforço da competitividade e inovação das empresas nacionais.

O futuro das empresas dinâmicas depende da aposta na tecnologia, seja ao nível a conceção de ideias novas de serviços e produtos e da operacionalização de centros modernos rentáveis de produção, seja sobretudo ao nível da construção e participação ativa em redes internacionais de comercialização e transação de produtos e serviço. Inovar é fundamental permitindo que as empresas possam aceder a novos mercados, aumentem as suas receitas, realizem novas parcerias, adquiram novos conhecimentos e aumentem o valor das suas marcas.

A inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos de uma empresa, diferenciando-a, ainda que momentaneamente, no ambiente competitivo. Ela é ainda mais importante em mercados com alto nível de competição e cujos produtos são praticamente equivalentes. Aqueles que inovam neste contexto, seja de forma incremental ou radical, de produto, processo ou modelo de negócio, ficam em posição de vantagem em relação aos demais.

Uma indústria que vive da razão e da emoção para produzir o melhor em termos de performance, beleza e detalhe.

Esta semana mostramos-lhe 4 projetos desta sofisticada indústria com uma grande componente de I&I:

 

  • Product in Touch: a exploração da sensação táctil

E se antes do protótipo for possível testar o interior do automóvel ? O projeto propõe-se desenvolver um sistema virtual de haptics num ambiente imersivo de realidade virtual cujo cenário é o interior de um automóvel, onde o utilizador pode tocar e sentir os produtos compósitos sem que estes sejam reais. Este sistema vai  permitir à empresa validar com os utilizadores as suas preferências mesmo antes dos protótipos estarem fisicamente construídos. Para responder ao desafio foi constituído um consórcio do qual faz parte uma empresa, a Edilásio Carreira da Silva, situada na Marinha Grande, e duas entidades do sistema nacional de I&D, o International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL), situado em Braga, e o Centro de Computação Gráfica (CCG), situado em Guimarães.

 

  •  TESCO produz de peças para uma inovadora geração de compressores AC elétricos

E de um projeto de I&D nasceu a necessidade de repensar a produção da TESCO. Este projeto consiste na capacitação da empresa  para a produção de uma peça de um produto inovador a nível internacional: um compressor de ar condicionado elétrico para aplicação em veículos com motores eléctricos e híbridos.Atualmente o mercado nacional não tem players que atuem neste sector com uma capacitação tecnológica tão avançada como a proposta neste projeto.

 

  • Novos componentes auto para dar resposta à nova geração de veículos - elétricos e híbridos

A SONAFI pretende, com este projeto, desenvolver novos componentes auto para dar resposta à nova geração de veículos - elétricos e híbridos - por via do aumento considerável do nível de automação, rapidez, eficiência energética e ambiental do seu processo produtivo. Pedro Cardoso, CEO da SONAFI e responsável do projeto, fala do momento crítico que o setor automóvel atravessa "nesta fase de total revolução tecnológica e reinvenção do automóvel" e o papel do COMPETE 2020 neste processo:

“O sector automóvel é, por natureza, um sector extremamente rigoroso, em termos de desenvolvimento, gestão e competitividade, que obriga a investimentos contínuos para suportar estas exigências.

Particularmente no momento em que se encontra o sector, nesta fase de total revolução tecnológica e reinvenção do automóvel, o apoio do “Compete 2020” tem permitido à Sonafi acompanhar os seus clientes no desenvolvimento e produção de novos componentes para sistemas inovadores como motores elétricos, sistemas de travagem regenerativos e sistemas de conversão de energia.

 

  • CONFINSEAT: Desenvolvimento de Pele Artificial com capacidade de Gestão de Calor

TMG Automotive, com o CENTI,  aposta no desenvolvimento de soluções inovadoras de pele artificial com capacidade de gestão de calor e conforto melhorado, com vista a dar resposta às tendências atuais crescentes no âmbito do conforto para o utilizador automóvel durante o tempo que está no interior do veículo.estão previstas duas linhas de I&D em: Revestimentos com capacidade de dissipação/condução e com capacidade de reflexão de calor de forma a melhorar a gestão do calor superficial na interface entre o utilizador e o estofo, evitando o sobreaquecimento, e a criação e canais estruturais para melhoria do conforto. Adicionalmente será também dada atenção à identificação de tratamentos antimicrobianos para o material desenvolvido e para as camadas complementares (têxteis) com vista à melhoria do desempenho global do material. 

07/02/2019 , Por Paula Ascenção