Entrevista a Hildebrando Vasconcelos, Diretor-Geral do CATIM e responsável do projeto PRODUTECH-SIF

Resumo do Projeto

O programa mobilizador PRODUTECH SIF - Soluções para a Indústria de Futuro visa constituir-se numa resposta integrada para o desenvolvimento e edificação de novos sistemas de produção, assentes em tecnologias avançadas, que permitam equipar a indústria transformadora face aos desafios da 4ª revolução industrial. Neste sentido, incorpora um conjunto integrado e coerente de desenvolvimentos em domínios chave, prevendo o desenvolvimento de novos produtos e serviços, nos domínios das tecnologias de produção, de aplicação multissetorial e com impacto no reforço da competitividade internacional e da sustentabilidade da indústria.


A Entrevista

Em entrevista ao COMPETE 2020, Hildebrando Vasconcelos, Diretor-Geral do CATIM conversou sobre o projeto PRODUTECH-SIF.

Hildebrando Vasconcelos | Diretor-Geral do CATIM

 

Como nasceu o projeto PRODUTECH-SIF? Quais foram as principais motivações?

O projeto PRODUTECH SIF (Soluções para a Indústria de Futuro) tem na sua génese a estratégia definida no plano de ação multianual do Cluster PRODUTECH (cluster das tecnologias de produção).  Orienta-se para o reforço da competitividade da fileira das tecnologias de produção. Integra o desenvolvimento e disponibilização de soluções de maior valor acrescentado que, ao fazerem parte da oferta das empresas da fileira das tecnologias de produção, irão alavancar o seu posicionamento competitivo, a sua resiliência e a sua sustentabilidade futura.

É, neste sentido, um projeto estruturante para a fileira das tecnologias de produção e que resulta diretamente da confluência dos 10 vetores de intervenção estratégicos nos domínios da I&D, inovação e demonstração, do programa de ação multianual do cluster, o qual foi definido com e para as empresas da fileira das tecnologias de produção, olhando para as trajetórias tecnológicas, para as tendências mundiais e para as oportunidades de mercado, nomeadamente para os nichos globais de elevado valor acrescentado, onde Portugal, pela sua base empresarial e pelo conhecimento detido pelas entidades do sistema de inovação, tem efetivas capacidades para desenvolver uma proposta de valor diferenciadora. E isto é tão mais importante se tivermos em consideração que as empresas da fileira das tecnologias de produção, têm uma clara orientação para o mercado global.

Sob o mote “Soluções para a Indústria de Futuro”, a motivação do projeto foi fundamentalmente essa, gerar uma massa crítica de competências e capacidades, para o desenvolvimento de soluções inovadoras, a serem integradas na oferta das empresas da fileira das tecnologias de produção, e que lhes permitirá reforçar o seu posicionamento enquanto fornecedores globais e resilientes, com soluções que equiparão as atuais fábricas da indústria transformadora, capacitando-as para o futuro, e promovendo a sua competitividade e sustentabilidade.

 

O que considera ser o elemento diferenciador no projeto PRODUTECH-SIF?

O elemento diferenciador reside na abordagem integradora face ao desenvolvimento de novos produtos e serviços, nos domínios das tecnologias de produção, baseados em tecnologias que estão ao mais alto nível do estado da arte tecnológico, e mesmo outras emergentes, só possível pela massa crítica reunida no projeto.

De facto, e desde logo, a um primeiro nível, identifica-se que está na génese do projeto a reunião de massas crítica de atores, capacidades e competências, para a implementação de estratégias colaborativas para a I&D e inovação empresarial, permitindo desenvolvimentos que de outra forma não seriam possíveis, ou estariam seriamente limitados, seja pela escassez de recursos, seja pelos riscos envolvidos, assim como possibilita uma maior eficiência e eficácia no esforço de desenvolvimento de novas soluções. A um segundo nível, a abordagem preconizada,  ao prever a integração e demonstração das soluções, desenvolvidas por diferentes empresas e organizações, em linhas-piloto de empresas industriais, vem também possibilitar uma abordagem consistente face à compatibilidade e integração dos desenvolvimentos, face à provisão, por parte das empresas fornecedoras de tecnologias de produção, de soluções completas, customizadas e chave-na-mão para os desafios da competitividade dos seus clientes, nomeadamente as empresas da indústria transformadora.

E de facto, o projeto reúne um consórcio de 47 parceiros, dos quais 28 empresas e 19 entidades do sistema científico e tecnológico nacional, integrando um conjunto crítico de competências científicas e tecnológicas, e de atores-chave nas cadeias de valor pertinentes, assegurando uma efetiva valorização dos seus resultados.

É esta abordagem integradora que sustenta os desenvolvimentos do projeto, permitindo atuar sobre: (1) a edificação de novas plataformas industriais para a ligação em rede dos sistemas de produção; (2) o desenvolvimento de soluções para incorporação de tecnologias inovadoras em equipamentos e sistemas legados, possibilitando a sua conectividade, novas formas de interface homem-máquina e o aumento da sua performance; (3) a incorporação nas soluções de novas abordagens para a sustentabilidade das fábricas do futuro, facultando a monitorização, a tomada de decisão e  atuação, para uma maior eficiência da produção, (4) o desenvolvimento de novas soluções para a produção industrial, assente em novos desenvolvimentos ao nível dos processos e da incorporação de sistemas robóticos avançados; (5) sobre o próprio processo de desenvolvimento de novos equipamentos e soluções industriais;  (6) e não menos importante, intervir de modo consistente ao nível das soluções para a implementação, controlo em tempo real, otimização e gestão dos sistemas de produção como um todo.

Salienta-se ainda a grande ambição do projeto, sendo que só foi tornado possível através do apoio do COMPETE 2020.

 

De entre os resultados alcançados, há algum que gostaria de destacar?

Face ao exposto, e não obstante a elevada pertinência das diversas soluções que estão em fase final de desenvolvimento e que suportam uma nova geração de tecnologias de produção inovadoras, de maior valor acrescentado, salienta-se a possibilidade da integração das diversas soluções, não só entre si, mas também com os sistemas pré-existentes nas fábricas atuais, face à provisão de uma solução chave-na-mão para as necessidades e desafios específicos de empresas da indústria transformadora.

De facto, não só os desenvolvimentos individuais foram desenvolvidos tomando em consideração os requisitos e desafios  específicos de diversas empresas da indústria transformadora (nomeadamente do setor dos moldes, do setor textil, do setor da metalomecânica, do sector das embalagens, entre diversos outros), como também o projeto previu na sua implementação a integração de diversas soluções em linhas piloto/sistemas de produção de duas empresas, uma do setor textil e outra do setor da metalomecânica.

E é esta implementação articulada, em ambiente industrial real e face aos desafios específicos de cada empresa, das novas soluções (sejam estas de otimização e gestão de operações, de diagnóstico e controlo em tempo real da produção, de sistemas que permitem a conectividade e integração dos equipamentos legados com a nova plataforma de “internet das coisas” industrial, de sistemas robóticos avançados de suporte à logística e à produção, entre outros), que permitirá à indústria transformadora, ganhos fundamentais para a sua competitividade, seja ao nível do aumento da sua produtividade, da qualidade dos seus produtos  e da sua maior eficiência e performance ambiental. E, concomitantemente, permitirá às empresas da fileira das tecnologias de produção, detentoras destas soluções, reforçar a sua posição competitiva no mercado, enquanto fornecedores de soluções avançadas e de valor acrescentado, adaptadas às necessidades e aos desafios da indústria transformadora.

 

Apoio COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (Programas Mobilizadores), envolvendo um investimento elegível de 7,8 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 5,3 milhões de euros.

17/02/2021 , Por Miguel Freitas
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