BIO-Stroke: à descoberta de biomarcadores de diagnóstico e prognóstico de doentes de AVC

Conversamos com Luis Maia do Instituto de Biologia Molecular e Celular, que nos apresentou o projeto BIO-Stroke, co-financiado pelo COMPETE 2020:

Luís Maia - Responsável pelo Projeto

 

Enquadramento

"O acidente vascular cerebral isquémico (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal e no mundo, provocando 15 milhões de novos casos por ano. Atualmente, os tratamentos de reperfusão no AVC têm melhorado, mas estima-se que cerca de 70% dos pacientes não recebem tratamento devido a um diagnóstico tardio ou errado. A maioria ficará incapacitado, provocando um enorme custo socio-económico. Para modificar este cenário, um teste de diagnóstico molecular, como a troponina no enfarte do miocárdio, poderia permitir revolucionar o diagnóstico do AVC. Até agora, todas as tentativas para descobrir um ou múltiplos biomarcadores para uso clínico falharam, provavelmente devido à heterogeneidade das coortes humanas e da complexidade estrutural/celular do cérebro. Para colmatar esta falha, desenvolvemos uma coorte com modelos animais (MA) no IBMC - Instituto de Biologia Molecular e Celular e estabelecemos uma coorte de doentes com AVC no CHUP- Centro Hospitalar Universitário do Porto para a descoberta de novos biomarcadores e validação clínica."

O Projeto

"Optámos por modelos animais de doença porque têm um grande valor translacional, uma vez que são intrinsecamente homogéneos (genética e componente ambiencial controlado), patologicamente bem definidos e permitem acesso aos seus biofluidos (sangue e líquido cefalorraquidiano (LCR)), o que não é possível realizar em doentes. Aproveitando a competência e experiência do CHUP no diagnóstico e tratamento do AVC agudo desenvolvemos uma coorte prospectiva de doentes com AVC que incluiu a recolha sistemática de dados clínicos, neurorradiológicos e biofluidos ao longo da via verde de diagnóstico e tratamento do AVC agudo (vvAVC).

Usando coortes paralelas de ratinhos e doentes com AVC, construímos condições para atingir os seguintes objetivos no âmbito deste projeto:

1) Caracterizar o proteoma do LCR dos modelos de animais de AVC e procurar candidatos mais promissores a biomarcadores no plasma, com espectrometria de massa;

2) Identificar no plasma de modelos de animais de AVC uma assinatura de ARNcs, através de ARNseq;

3) Estabelecer um painel de diagnóstico com marcadores múltiplos (proteína/ARNcs) para a deteção de AVC no sangue;

4) Validar os resultados na coorte de doentes.

Até ao momento, a equipa já descobriu biomarcadores proteicos de doença em LCR em modelos animais de doenças neurodegenerativas e agora em AVCs, com impacto translacional notório. Para tal utilizámos espectrometria de massa de elevada sensibilidade, usando volumes mínimos de LCR de ratinho com doença, e identificámos mais de 1000 proteínas distintas. A validação destes marcadores no plasma de doentes poderá levar à identificação de um painel de biomarcadores de diagnóstico e prognóstico de doentes.

Em suma, o projeto pretende resolver um problema grave de saúde, gerar um produto patenteável e inovador com impacto societal inequívoco."

O Apoio do COMPETE 2020

O projeto é promovido pelo Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) em co-promoção com o IPATIPUP – Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto e o Centro Hospitalar do Porto e cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, envolvendo um investimento elegível de 240 mil euros, que resultou num incentivo FEDER de cerca de 204 mil euros.

27/01/2021 , Por Miguel Freitas
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