A recuperação económica e a Economia Circular | Projetos do Compete2020 que olham para o futuro

Num contexto em que a pandemia nos lembrou a nossa fragilidade humana e em que a atividade económica global teve uma quebra de 50% em setores cruciais  como a indústria automóvel, o transporte aéreo e o turismo, a Comissão Europeia prepara-se para apresentar a 27 de maio de 2020 um plano de recuperação verde, com destaque para as energias renováveis, a mobilidade limpa e a economia circular.A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, apresentou o plano ao Parlamento Europeu na semana passada, prometendo colocar o este plano no centro dos esforços de recuperação da União Europeia.

De acordo com o World Economic Forum, a recuperação da crise do coronavírus é uma oportunidade para se redesenhar uma economia sustentável e inclusiva, revitalizar a indústria, preservar sistemas vitais de biodiversidade e combater as mudanças climáticas.

Ao modelo tradicional de produção linear respondemos com modelos circulares, onde nada se perde e tudo se transforma e onde o respeito pelos ecossistemas e pela fragilidade dos mesmos marca a conceção do processo produtivo desde o seu início.

A sustentabilidade deverá ser uma preocupação comum para as empresas e deve assumir a liderança na condução de mudanças .  Não se trata apenas de alterar o paradigma de produção mas de estar na vanguarda para fornecer produtos,tecnologias, serviços e soluções necessários  para que o crescimento seja mais sustentável. 

O aproveitamento dos subprodutos pela própria indústria ou como matéria-prima para outras indústrias apresenta como principais vantagens a redução de custos com a aquisição de materiais e a eliminação da acumulação de resíduos poluentes. Para potenciar esta solução é necessário desenvolver projetos de investigação que permitam identificar possíveis simbioses industriais que assegurem o aproveitamento de subprodutos e resíduos por indústrias.

Um resíduo é um recurso que pode ser valorizado e utilizado como matéria-prima de um processo produtivo ou numa nova aplicação. A valorização de resíduos é um elemento fundamental na prossecução de uma indústria sustentável, na medida em que potencia uma gestão mais eficiente e reduz os impactos ambientais decorrentes da extração de novos recursos naturais.

É neste contexto que nesta edição conversámos com :

- Jorge Carneiro, responsável pelo núcleo de I&D na Grestel , empresa que liderou o projeto ECOGRES + NG, no qual foi desenvolvida uma pasta corada de grés para louça de mesa a partir de resíduos e subprodutos industriais. Este projeto permitiu a validação do conceito de economia circular na região de Aveiro, através da parceria com empresas de diferentes sectores;

- Liliana Cancela, responsável do projeto POTATOPLASTIC , liderado pela Isolago, no qual foi concretizado um bioplástico biodegradável à base dos subprodutos da batata que permite substituir o petróleo, que envolve consumos de energia e água elevados e gera resíduos nocivos e de difícil tratamento, e simultaneamente atribuir um fim aos subprodutos da indústria da batata que seriam desperdiçados; 

-  Daniel Murta, Fundador e CEO da Ingredient Odessey e Responsável do projeto Entovalor. Os resultados deste projeto permitem concluir pela eficiência de utilização de farinha de insecto como substituto da soja na alimentação de galinhas poedeiras, sem que exista um impacto na produção e qualidade dos produtos gerados. Estes resultados demonstram assim que é possível reduzir a dependência do mercado internacional de fontes proteicas para a alimentação animal, ao mesmo tempo que se favorece o uso de soluções circulares, mais sustentáveis, e de origem local.

- Hugo Rosa, do departamento de Engenharia de Produção de MoldesRP, empresa líder do projeto reGrafitti. Em consórcio com o Centimfe e a Universidade de Coimbra o I&D neste conseguiu valorizar e transformar um resíduo comum à indústria de moldes – elétrodos de grafite usados na eletroerosão -  em compostos de grafeno que posteriormente servem de reforço a diversos materiais poliméricos, contribuindo para uma melhoria das propriedades físicas e mecânicas dos produtos moldados. 

20/05/2020 , Por COMPETE 2020