O COMPETE 2020 apoia a receita certa para o futuro do setor da saúde nacional: inovação.

A economia nacional tem assistido ao aparecimento de sectores muito inovadores, que se têm lançado na internacionalização e que têm obtido excelentes resultados em termos de exportações. São geralmente sectores de alto valor acrescentado, com uma grande aposta ao nível da tecnologia e que investem fortemente em investigação e desenvolvimento. Um dos sectores que se tem vindo a destacar pelo crescimento significativo e pela posição de destaque no conjunto das exportações nacionais é o sector da saúde.

A ilustrar esta importância do sector da saúde na economia portuguesa está o seu crescente reconhecimento internacional, através da concessão de prémios e de bolsas para investigação, o que também é fruto de uma contínua produção de artigos científicos e de avanços na investigação e de uma política muito bem definida de participação em concursos internacionais e em parcerias com outras instituições internacionais.

Trata-se, portanto, de uma actividade muito dinâmica, que se tem vindo a assumir como uma área estratégica para a economia nacional, quer pelas suas exportações, quer pelo apoio que dá ao Serviço Nacional de Saúde (nomeadamente as empresas farmacêuticas), quer ainda pelo número crescente de pessoas que emprega e de empresas que vão surgindo.

Portugal duplicou o valor da exportação de medicamentos desde o início desta década: passou de 444 milhões de euros em 2010 para 910 milhões de euros nos primeiros 11 meses de 2016. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o aumento foi também significativo quando comparado com 2015: mais 13,8%. Nesse ano, as exportações valeram 799 milhões de euros. Entre os principais países compradores estão os Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.

Trata-se de um conjunto de mercados exigentes e muito competitivos, o que demonstra de forma clara a excelência dos nossos produtos e a capacidade nacional de competir com os melhores. Embora todos os produtos da saúde tenham vindo a ter um excelente desempenho, são os medicamentos aqueles que têm apresentado um crescimento mais rápido.

Na lista de produtos exportados estão vacinas, antibióticos, analgésicos, medicamentos para o sistema nervoso central, cardiovasculares, epilepsia. Genéricos, produção de substâncias ativas para outros laboratórios e também produtos inovadores.

Áreas como as neurociências, o cancro, a imunologia, a medicina regenerativa e a nanomedicina (HCP) têm sido apostas importantes do nosso País, que começa a atrair a atenção e a presença de instituições e cientistas de renome mundial.

Nesta edição vamos apresentar-lhe alguns dos projetos inovadores na área da saúde e mostra-lhe a aposta na inovação e na diferenciação que este setor procura garantindo-lhe certamente a performance que tem demonstrado nos últimos anos e esperamos a conquista de novos mercados :

 

O cancro é uma doença devastadora e um dos principais problemas de saúde relacionados com o envelhecimento nos países desenvolvidos.

Este projeto é liderado pelo i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, ao qual se juntaram 75 investigadores de 18 equipas de investigação portuguesas, com um objetivo comum: explorar novas formas de entender e combater o cancro.

Pretende-se diminuir a recorrência do cancro, assim como melhorar a estratificação e tratamento dos doentes oncológicos. As diferentes atividades propostas focam mecanismos moleculares, tipos de cancro e modelos experimentais, onde os membros da equipa são reconhecidos como especialistas mundiais.

 

Promovido pela Muroplás num consórcio que integra o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) e a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), o projeto Seringa DUO visa o desenvolvimento de uma nova seringa de dupla câmara de libertação sequencial, para melhorar a prática de administração endovenosa.

A solução permitirá efetuar o carregamento e a administração de dois fluidos diferentes - medicamento e soro para limpeza do cateter - sem que seja necessário trocar de seringa. Deste modo, a Seringa DUO irá contribuir para a promoção de práticas eficazes em situações clínicas onde o procedimento de lavagem do acesso venoso (flushing) é considerado fundamental, nomeadamente em contextos de polimedicação endovenosa.

 

A Glintt Healthcare Solutions e o Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), reuniram o “know-how” de duas áreas - TIC e Saúde, para desenvolverem uma ferramenta informática, capaz de aumentar a segurança na utilização da medicação num conceito de Reconciliação Terapêutica (RT), através da criação e manutenção de uma lista atualizada contendo toda a medicação prescrita para o doente.

As soluções desenvolvidas no âmbito do projeto, nomeadamente o ecrã/portal de Reconciliação Terapêutica e a APP do doente, irão permitir de entre muitas vantagens, uma maior clareza e facilidade de acesso à informação clínica crucial e atualizada, maior organização e rastreabilidade de dados, comparação e retificação de erros de medicação em menor tempo e otimização dos tratamentos efetuados.

 

O objetivo deste projeto é desenvolver e validar, tecnologicamente e à escala industrial, uma estrutura electro têxtil inovadora, que funcionará como um normal resguardo de colchão, agregada num produto integrado – FlexiCover: estrutura electro têxtil inovadora.

Esta solução incorporará um conjunto de elementos sensores embebidos, que irão permitir a recolha, processamento e transmissão dos movimentos e posicionamento do utilizador na cama.

Num espectro mais alargado de aplicação da tecnologia, o sector doméstico será também alvo de aplicação da solução, com o objetivo de reforçar os meios de autodiagnóstico dos padrões do sono do público em geral e atuar como meio preventivo na monitorização do seu estado de saúde.

O projeto irá ser desenvolvido por um conjunto de atividades de reinterpretação e de desenvolvimento de atividade de investigação fundamental e, posteriormente, alicerçado numa forte componente experimental, com proteção de propriedade intelectual, onde se incluem a realização de atividades de prototipagem, produção de pré séries e simulação em contexto real em três sectores potencialmente utilizadores: unidades hospitalares, instituições de assistência social e unidades domiciliárias.

06/02/2017 , Por Paula Ascenção