Peniche e a Reserva Natural das Berlengas, um mar de oportunidades

Liderado pelo Politécnico de Leiria, a equipa multidisciplinar de investigadores do projeto Red2Discovery acredita que a solução para o tratamento de algumas doenças poderá ser encontrada “debaixo de água”.

 

Síntese

Os organismos marinhos da costa de Peniche e da Reserva Natural das Berlengas são atualmente alvos de investigação na procura de novos compostos com atividade biológica que possam dar uma resposta eficiente no tratamento de diferentes doenças, incluindo o cancro e doenças infeciosas. Devido à sua capacidade de adaptação a alterações ambientais e ecológicas, os organismos marinhos têm-se revelado uma fonte importante de compostos bioativos com potencial para servirem de base para a síntese e o desenvolvimento de novos fármacos. Atualmente, existem já alguns casos de sucesso como a cytarabine, eribulin mesylate, trabectedin e cephalosporin C que são usados no tratamento de determinados tipos de cancro e infeções. Os investigadores acreditam seriamente que a solução para o tratamento de muitas destas doenças poderá ser encontrada “debaixo de água”. 

É neste âmbito que nasceu o projeto “Red2Discovery – As macroalgas Sphaerococcus coronopifolius e Asparagopsis armata como alvos para a descoberta de novos fármacos de origem marinha”, o qual visa a extração, isolamento e purificação de novas moléculas com capacidade antitumoral e antimicrobiana, bem como a caracterização das vias de sinalização intracelular ativadas por estas moléculas, em duas algas vermelhas. 

Tendo por base estudos anteriores, realizados pelo centro de investigação do Politécnico de Leiria (MARE-IPLeiria), foi possível identificar estas duas macroalgas como fonte potencial de novos compostos com aplicação farmacológica. Neste momento a equipa de investigação está a proceder ao isolamento destas moléculas e a validar o seu potencial farmacológico em diferentes alvos terapêuticos. Este estudo permitiu até ao momento isolar 5 moléculas com atividades promissoras, incluindo uma nova molécula nunca antes descrita.

 

Apoio do COMPETE 2020

O projeto Red2Discovery foi cofinanciado pelo COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (SAICT) e contou com um investimento elegível de 174 mil euros e um incentivo FEDER de 148 mil euros.

 

Testemunho do investigador responsável

Rui Pedrosa, Professor do Politécnico de Leiria e investigador do MARE-IPLeiria que coordena este projeto, explica que “conseguir este financiamento foi decisivo para o desenvolvimento desta área da Biotecnologia Marinha, particularmente na descoberta de novos fármacos com origem marinha, permitindo o estabelecimento de uma rede de conhecimento nacional e internacional. Este financiamento permitiu também criar condições para que três estudantes de doutoramento possam realizar as suas teses no Politécnico de Leiria. O Mar é uma área estratégica para o País na criação de novos produtos e serviços de elevado valor acrescentado e o projeto Red2Discovery contribuirá de modo efetivo para que a ciência e a economia do mar esteja ao serviço da sociedade”. 

 

Consórcio

O consórcio do projeto Red2Discovery foi estrategicamente definido para reunir uma equipa multidisciplinar de investigadores nacionais e internacionais com experiência e competências complementares de modo a garantir o sucesso do projeto. O consórcio é constituído pelo Politécnico de Leiria, através do MARE-IPLeiria, pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC) e pelo Departamento de Farmacologia, da Faculdade de Veterinária da Universidade de Santiago de Compostela. 

 

Links

Website do Politécnico de Leiria 

Website do MARE-IPLeiria 

Website do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC) 

Website da Universidade de Santiago de Compostela 

14/02/2017 , Por Cátia Silva Pinto
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