AlgaeCoat: revestimentos comestíveis baseados em extratos de macroalgas para aumentar o tempo de prateleira de alimentos

 

Entrevistamos Délio Raimundo, responsável pelo Departamento de Inovação da Campotec IN e pelo projeto AlgaeCoat, que nos falou do projeto e da importância da inovação para as empresas.
Como nasceu o projeto AlgaeCoat? O AlgaeCoat surgiu de uma colaboração entre o Instituto Politécnico de Leiria e a Campotec. Fazendo um pequeno enquadramento histórico, em 2010 a equipa iniciou um pequeno projeto de investigação (Vale de I&D) onde se iniciou a pesquisa de um revestimento comestível de origem marinha. Com o decorrer deste projeto, a equipa conseguiu desenvolver um revestimento de origem marinha baseado em macroalgas comestíveis, que foi submetido a um pedido de patente nacional (registo número 107369). Com os resultados que foram obtidos neste primeiro vale de I&D, foi exequível para a equipa, construir um novo projeto, o referido AlgaeCoat, de modo a estudar a aplicação do revestimento a nível industrial.
   

 

É possível a uma empresa garantir quota de mercado se não apostar na inovação?

 

Uma empresa que não inova perde margem competitiva e acaba por mergulhar na inércia hipotecando o seu próprio futuro ao passo que uma empresa inovadora é mais bem-sucedida no seu propósito e nos seus objetivos. Ainda que inovar represente um investimento que por vezes não proporciona o devido retorno, dado que lamentavelmente, uma quantidade significativa das inovações fracassam, no contexto atual, é extremamente importante apostarem na inovação, uma vez que será isso que as diferenciará das restantes. Para além de todos os benefícios económicos que poderão advir da inovação propriamente dita, transmite ao consumidor uma confiança superior comparativamente com as empresas que não fazem investigação, sobretudo por se procuram soluções mais sustentáveis e que se aproximem dos interesses dos consumidores.
   
Quais são as grandes ambições e os grandes desafios para este projeto em 2019? A nossa visão em relação a este projeto é em 2019, publicar em revistas internacionais da área, parte dos resultados obtidos no projeto, dando assim ainda mais valor científico e credibilidade ao projeto. Se possível, será estruturado um novo projeto, a ser submetido em breve, de modo completar mais os estudos efetuados até agora e poder trabalhar outras áreas com semelhante aplicabilidade do mesmo revestimento em alternativa a atual aplicação de químicos.
   
Da vossa experiência quais os fatores de sucesso para uma empresa que se quer inovadora? Alguns dos fatores para o sucesso de uma empresa que ambiciona a inovação são: a empresa possuir estratégia e objetivos alinhados com a estratégia, partilhar ideias, desafios e experiencias com a comunidade científica fomentando também um ambiente de confiança entre todos e comunicar e implementar a inovação desenvolvida.
   
Qual a relevância do COMPETE 2020 para as estratégias de inovação empresarial? O Compete 2020 é um excelente instrumento de apoio à inovação empresarial, não só pelo alcance das medidas mas sobretudo pela redução do investimento global associado a cada processo de inovação, sem este a tomada de decisão era mais desafiante na medida que os riscos associados têm um impacto financeiro superior nos resultados da organização. Por outro lado é um instrumento que não responde de forma significativa e generalizada às necessidades da indústria e do sector, reprovando candidaturas de grande relevo, aniquilando ideias e projetos de grande interesse nacional, sem se conhecerem por vezes as razões de tais decisões.

 

Resumo do projeto

A Campotec IN e o Instituto Politécnico de Leiria desenvolveram anteriormente um projeto de I&D que se baseou na pesquisa de um novo revestimento de origem marinha para aplicação em maçãs de 4ª Gama. Resultou assim um novo revestimento edível com a incorporação de compostos bioativos de alga para aplicação em produtos minimamente processados garantindo tempo de prateleira significativamente superior ao tradicional.

A Campotec IN e o Instituto Politécnico de Leiria uniram-se uma vez mais numa parceria de investigação que deu origem ao projeto AlgaeCoat. Este projeto visa demonstrar à escala piloto as condições para a rentabilização comercial do extrato de alga, como um substituto natural dos aditivos químicos na conservação de alimentos. Este revestimento representa uma opção sustentável, de origem natural, que valoriza os produtos nos quais for aplicado, pela extensão do atual tempo de prateleira em vários dias, o que possibilitará a sua exportação para novos mercados.

Susana Silva e Ana Augusto exibiram elevados contributos resultantes do profundo trabalho de investigação levado a cabo no CETEMARES, Centro de I&D, Formação e Divulgação do Conhecimento Marítimo que motivam à continuação desta parceria para futuros desenvolvimentos.

Apoio COMPETE 2020

O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (I&DT Empresarial) na vertente de projetos Demonstradores em Co-promoção, envolvendo um investimento elegível de 288 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de 172 mil euros.

19/02/2019 , Por Miguel Freitas
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