Resultados do projeto FlexStone: Novas Tecnologias para a Competitividade da Pedra Natural

 

Entrevista a Agostinho Silva

Em entrevista ao COMPETE 2020, Agostinho Silva, Diretor da Zipor apresenta os desafios e os resultados alcançados no âmbito do projeto "FlexStone", um projeto direcionado para o sector das Rochas Ornamentais

 

Quais os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?

 
O principal desafio deste projeto foi a demonstração que as Empresas dos vários subsetores das Rocha Ornamentais estão preparadas para operações em modo pleno Indústria 4.0.

Em 2015 a entidade gestora do Cluster das RO Portuguesas (Cluster Portugal Mineral Resources) e, inserido nas prioridades estratégicas inteligentes para Portugal, no eixo das tecnologias transversais e suas aplicações, iniciou o Projeto Demonstrador em Copromoção de acrónimo Flexstone.

Neste projeto, participaram as empresas CEI (Líder e Empresa de desenvolvimento dos Protótipos), Inocam, Solancis, Torre ITM e as entidades do sistema Científico Nacional (ESCN) Universidade de Évora, Cevalor, e Instituto Politécnico de Portalegre, tendo decorrido entre 2015 ao inicio de 2017 e do qual resultaram o desenvolvimento de dois protótipos inovadores, incorporáveis como módulos do “puzzle Industria 4.0” das RO.

Recorrendo ao desenvolvimento de dois protótipos Indústria 4.0 desenvolvidos e instalados em fábricas, ligados a um Cockpit4.0 igualmente protótipo, e tendo sido avaliado a sua performance através de KPIs, demonstrou-se ser possível operar uma “mini fábrica Industry 4.0”, embora com escala apenas para micro ou quanto muito pequenas encomendas.

Foi neste contexto que partindo dos resultados do Flexstone, o Cluster dos Recursos Minerais propôs aos parceiros do Cluster a criação de uma task-force para estudar a estrutura necessária para que uma empresa de Rochas Ornamentais possa operar em modo Indústria 4.0.

 

De entre os resultados alcançados, há algum que gostariam de destacar?

 

Os protótipos do FlexStone foram mais do que simples equipamentos inovadores. Foi a partir destes equipamentos, concebidos desde logo para integrarem numa segunda fase cyber-physical-systems, numa primeira fase foram utilizados para operarem como se reduzíssemos a Indústria 4.0 a uma escala de amostras produção a uma fábrica de RO a dois equipamentos, a qual pode fazer pequenas produções de em modo Indústria 4.0.

Assim, para avaliação de dados relativos à empresa de RO operando sob o modo de produção Industry 4.0 recorreu-se aos dois protótipos I4.0 desenvolvidos, no âmbito do Projeto Flexstone os quais ligados ao cockpit protótipo, permitiram criar uma “mini fábrica” Industria4.0 embora, apenas com escala para produção de amostras ou pequenas produções.Para que a “mini-fábrica de RO Industria4.0” fosse o mais próximo possível da realidade seria necessário criar um Cockptit do CPS e ainda garantir que do lado dos clientes os operadores utilizassem o BIM como tecnologia de desenho.

De todo este trabalho de pesquisa o qual só foi possível por via dos equipamentos Flexstone, concluiu-se que a Indústria 4,0 nas RO, aportará ganhos significativos tal como mostra as figuras abaixo

KPIS utilizados para medir os ganhos de eficiência em modo Industria 4.0 nas Rochas Ornamentais

 

Ganhos de eficiência em modo Industria 4.0 nas Rochas Ornamentais

 

Partindo dos resultados do Flexstone, em final de 2016, resultou o Consórcio Inovstone 4.0 composto por 18 empresas e 6 Entidades não Empresariais do Sistema de I&I (Universidades e Centros de Investigação), que em conjunto apresentaram um projeto mobilizador sob o mesmo acrónimo com quatro eixos estruturantes:

(1) convergência com os objetivos de imposição global do BIM na AEC.

(2) a valorização das RO em contexto de procurement digital BIM (tornar a pedra em smart product);

(3) a convergência das operações de produção para modo da Indústria 4.0 e por fim;

(4) a convergência com a iniciativa global “green building”.

 

Projeto Mobilizador Inovstone4.0

Resultaram ainda destes resultados positivos, um clima de otimismo na fileira. As Exportações em 2017 foram novamente record, o número de licenciados a admitir por 1000 empregos foi o mais elevado entre todos os setores tradicionais e, o investimento atingiu valores igualmente record.

 

Qual o contributo dos Fundos da União Europeia para o percurso da vossa empresa?

 

A CEI – Companhia de Equipamentos Industriais juntamente com os seus parceiros, clientes das Empresas de RO, Associações, Universidades e Cluster, tem assumido, desde 2014,  a liderança de um caminho Lean Stone, que  resultou no desenvolvimento de projetos mobilizadores e de inovação, com o objetivo de aportar à Industria das Rochas Ornamentais Portuguesas competitividade e flexibilidade de produção, fator essencial para o sucesso que este Sector tem vindo a demonstrar ao nível do produto à medida e na internacionalização.

Os Fundos da União Europeia têm sido essenciais ao desenvolvimento das soluções da Empresa, uma vez que implicam elevados investimentos em Investigação e Desenvolvimento.

Com base nos dados contabilísticos das empresas portuguesas do setor da Pedra Natural, que utilizam tecnologias LeanStone, e das empresas que produzem essas mesmas tecnologias (onde se inclui a CEI), estima-se que o Flexstone, em conjunto com os projetos mobilizadores Jetstone e Inovstone que o precedeu,  terão rendido um valor estimado entre 700  e 1000 milhões de euros em exportações, e a criação de mais de a de 3.000 postos de trabalho e/ou a sua não eliminação, na sua maioria quadros qualificados.

Por outras palavras, estima-se que em cada 2 meses, a partir de 2008, estas novas tecnologias estejam a gerar riqueza Líquida nacional, aproximadamente igual ao custo total do seu desenvolvimento nestes 3 projetos.

Concordamos, porém, com a ideia que qualquer negócio em que os resultados sejam apenas financeiros não deixa de ser um negócio pobre. Assim, mais do que números, são hoje facilmente observáveis nas empresas de rochas Ornamentais, os impactos induzidos pelas tecnologias destes três projetos, tais como os cuidados com o meio ambiente, a sustentabilidade do emprego e, a fixação de conhecimento tecnológico onde, no caso da CEI por exemplo, o grande crescimento em exportações e vendas, se deu exatamente para países tradicionalmente produtores de tecnologias.

Países de destino das exportações da tecnologia produzida pela CEI 2010-2016

 

09/08/2018 , Por Cátia Silva Pinto
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