A excelência e o empreendedorismo | Os desafios que Portugal está a ganhar

Em apenas três anos a taxa de actividade empreendedora em Portugal subiu cerca de 86%, de acordo com o estudo Global Entrepreneurship Monitor, o maior estudo mundial no que diz respeito à actividade empreendedora, realizado por um consórcio de universidades que analisam 75% da população mundial, neste caso concreto promovido pela Sociedade Portuguesa de Inovação e pelo ISCTE.

A crise económica e a taxa de desemprego, aliado à qualidade das infraestruturas físicas e dos serviços profissionais a empresas, num contexto europeu de ritmo rápido de inovações económicas e da reestruturação de mercados e sobretudo de novas formas de pensar o trabalho, contribuíram para que Portugal se revele cada como um país empreendedor. Em 2013 oito em cada cem portugueses eram proprietários de uma empresa nascente, com menos de três meses de vida ou nova, entre três meses e três anos e meio. Hoje conhecemos a maioria destas empresas por ”startups” e muitas chegam a ser mais valorizadas que algumas empresas com anos de mercado. Este estudo revelou que a taxa de actividade empreendedora se fixou em 8,2%, cerca de 86% mais que o valor registado em 2010 (4,4%), sendo que um nível de formação pós-graduada, com mestrado ou doutoramento, centrado na faixa etária dos 25 aos 34 anos representa maior incidência no sector. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor – “A taxa TEA de Portugal tem demonstrado consistentemente valores próximos da média das economias orientadas para a inovação, sendo que, desde 2010, essa consistência é particularmente robusta”, leia-se que TEA corresponde a Total Entrepreneurial Activity e transforma em números o panorama empreendedor actual.

Não obstante esta dinâmica ainda existem fortes entraves ao empreendedorismo que urge encontrar soluções, a começar por alterar mentalidades, criar condições para assumir riscos, criando mecanismos de financiamento adequados e aceitar o fracasso.

Um estudo da Amway, relativo a 2015, revela que apenas 16% dos portugueses consideram a sua sociedade favorável ao empreendedorismo, posicionando-se no penúltimo lugar de uma lista total de 44 países. Uma conclusão que não surpreende, visto que nos relatórios de 2014 e 2013, Portugal também esteve nos últimos lugares do ranking.

Comparativamente à média europeia de 46% e à média global de 50%, a opinião dos portugueses em relação à forma como a” sociedade apoia a criação de um negócio próprio”, é negativa. Quanto à população mais jovem inquirida, os actuais millennials, 80% assumem que a sociedade portuguesa é hostil à criação do próprio negócio, uma percentagem igualmente baixa quando comparada com a média global de jovens, que responde com 53%.

As conclusões mais positivas do estudo continuam a estar relacionadas com a atitude para empreender e o potencial para o fazer. A maioria dos portugueses (57%) continua a assumir uma atitude positiva perante a criação do próprio emprego. Na faixa etária até aos 35 anos de idade, 61% mostram uma atitude positiva perante a criação do próprio emprego e 45% imaginam-se inclusivamente a fazê-lo.

Analisando as cinco regiões alvo de estudo, pertencentes a Portugal Continental (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve) todas apresentam percentagens muito similares no que toca à atitude, entre 57% e 60%, com excepção da região algarvia onde apenas 16% encara o empreendedorismo de forma positiva.

O medo de fracassar continua a ser a razão para não se avançar com a criação de um negócio, com 70% dos participantes inquiridos a confirmarem este receio, um valor equiparado à média europeia e global. E este receio de falhar surge por diversas razões. Em Portugal, 46% dos participantes consideram a crise económico-financeira como o principal factor (46%), seguido dos encargos financeiros para lançar um negócio (38%) e ainda o medo de ficar desempregado, caso o negócio não tenha sucesso (25%).

Neste enquadramento a realização do Websummit em Lisboa e o fortalecimento do ecossistema empreendedor nacional  tem uma importância fundamental. São esperadas 50 mil pessoas no Parque das Nações, entre 7 e 10 de Novembro permitindo que startups de várias partes do mundo mostrem os seus produtos, façam novos contactos e possam eventualmente, encontrar investidores ou parceiros no conjunto das grandes empresas tecnológicas como a Y Combinator, Intel Capital, Silver Lake, Google Ventures, Sherpa Capital, Union Squares Ventures, Portugal Ventures, Salesforce Ventures.

Portugal escolheu 66 start-ups para estarem neste evento, para mostrar a criatividade e a capacidade de diversificação. Empresas que já apresentaram provas da sua viabilidade mas que precisam de investimento para crescerem no mercado global.

Desse conjunto de empresas destacamos :

  • Feedzai; HeartGenetics; iClio; Magnomics; Peekmed;S cience4You; Treat U; Xhockware Zaask.

Empresas que foram apoiadas maioritariamente por Fundos de Capital de risco , mas também por sociedades de Business Angels, com co-financiamento do FEDER através COMPETE /QREN, num total de 15 milhões de euros de investimentos, envolvendo 8 milhões de euros de incentivo FEDER. Os instrumentos de capital de risco com financiamento da União Europeia procuram responder a falhas de mercado permitindo deste modo que os empreendedores encontrem soluções mais adequadas as necessidades de uma start-up.

No contexto do Portugal 2020, a IFD gere um conjunto de instrumento de capital de risco com financiamento misto (comunitário e privado) que certamente vão alavancar esta forte dinâmica de empreendedorismo que pulsa em Portugal.

Em paralelo com esta dinâmica de empreendedorismo, o mundo das corporações, das empresas portuguesas também respondeu à globalização e posteriormente à crise financeira com resilência e excelência. Criar valor, sendo o principal objetivo, impulsionou as empresas a procurarem soluções que as posicionassem em espaços de diferenciação. 

Os Fundos da União Europeia tem contribuído através dos seus instrumentos de incentivo às empresas para que esses processos , que envolvem investimentos relevantes, possam ser escalados e permitam obter resultados mais rápidos. A excelência revela-se no reconhecimento do consumidor e dos seus pares  mas também nos prémios que os projetos têm obtido.

Neste Newsletter vamos apresentar-lhe dois desses projetos :

 

Tem o nome de NG-PON2 e permite aumentar as atuais velocidades de fibra ótica em 16 a 32 vezes; viabilizando assim o compromisso de levar a fibra a 5,3 milhões de casas e empresas portuguesas até 2020. Apoiado pelo COMPETE, trata-se de um projeto de elevado interesse técnico-científico e económico, capaz de revolucionar o sector das telecomunicações, um sector fulcral para a economia portuguesa.

 

  • Projeto REVIFEEL PLUS

Projeto, desenvolvido pela Revigrés, em parceria com o CeNTI, distinguido com o 1º Prémio Inovação (TEKTÓNICA). REVIFEEL PLUS é um sistema inovador de pavimentos cerâmicos com elevado conforto térmico, que suaviza as sensações de frio ou de calor.

 

Destacamos ainda dois projetos de investigação : 

 

O projeto consiste num sistema inovador de pictogramas farmacêuticos, sobre perigos, precauções e informações do medicamento, associado a várias aplicações na indústria para um vasto mercado que não oferece qualquer resposta idêntica e foi desenvolvido na tese de doutoramento de Benedita Camacho na Universidade de Aveiro.Ganhou o 2.º Prémio do “Born from Knowledge”, na sua edição de 2016. 

 

O 2º PRÉMIO da 1ª Edição do Prémio Janssen Inovação,na área das Neurociências foi atribuído à equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra cujo trabalho poderá constituir a base do primeiro medicamento relevante para tratar ou, pelo menos, atrasar a progressão da doença de Machado-Joseph.

07/11/2016 , Por Paula Ascenção
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