Segurança de Suplementos Alimentares

à base de plantas | PFS - Plant Food Supplements

 

 

Beneficiário

Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agroalimentares - Porto (ICETA-Porto/UP), o REQUIMTE/Faculdade de Farmácia da UP e do Instituto Superior de Engenharia do Porto e o Instituto Politécnico de Bragança

Custo Total         € 49.000,00
Custo Total Elegível         € 49.000,00
Comparticipação comunitária                                               € 42.000,00

 

 

Este projeto desenvolveu uma metodologia baseada na cromatografia líquida de ultra alta eficiência com deteção por espetrometria de massa (UHPLC-MS/MS) para detetar a adição fraudulenta de substâncias farmacologicamente ativas nos PFS - Plant Food Supplements.

 

A metodologia desenvolvida será ainda aplicada a PFS para perda de peso comercializados em Portugal, resultando na obtenção de dados que permitam inferir sobre uma maior necessidade do seu controlo.

 

No que respeita à autenticação das plantas medicinais nestes produtos, até à data, a maioria das metodologias utilizadas tem-se baseado na análise cromatográfica, no entanto, as técnicas de DNA-fingerprinting permitem uma identificação inequívoca, não sendo os seus resultados afetados com a região, clima, parte da planta, etc. Para avaliar a adulteração com material vegetal em PFS, a equipa responsável pelo projeto trabalhou no desenvolvimento de uma técnica baseada em DNA-barcoding, tendo espécies de hipericão (Hypericum spp.) como caso de estudo. As questões de adulteração referidas nos PFS representam desafios consideráveis para a comunidade científica e saúde pública em geral, que precisam ser tratados de forma adequada. Para alcançar este objetivo, o projeto proposto reuniu uma equipa multidisciplinar com know-how complementar e instrumentação necessária à realização das tarefas

 

Enquadramento

Na última década, as plantas medicinais e produtos derivados tornaram-se cada vez mais disponíveis no mercado da UE como componentes de formulações vendidas como suplementos alimentares. Estes são normalmente rotulados como sendo produtos naturais com uma variedade de alegações no que respeita a possíveis benefícios para a saúde dos consumidores. Os suplementos alimentares são legalmente considerados alimentos ao abrigo da Diretiva 2002/46/CE, pelo que não precisam de autorização para a colocação no mercado, recaindo a responsabilidade legal pela sua segurança nos operadores do sector.

 

Assim, várias fitopreparações têm sido comercializadas como suplementos alimentares à base de plantas (PFS, Plant Food Supplements), dispensando o cumprimento de requisitos e procedimentos de registo oficial necessários para serem reconhecidos como Medicamentos à base de plantas (Traditional Herbal Medicines) segundo a Directiva 2004/24/EC. Sendo considerados alimentos, os PFS não estão sob a alçada da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), mas da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), que já expressou receios sobre sua segurança. Entre os vários problemas que podem afetar a segurança dos PFS, as adulterações representam um problema crescente de saúde pública. Este tipo de prática compreende vários aspetos, sendo os principais a adição de substâncias ilegais e a troca intencional/identificação errada do material botânico.

 

Um dos tipos de PFS mais populares são os produtos para perda de peso uma vez que diversos consumidores procuram soluções fáceis que não incluam mudanças de dieta e estilos de vida. Contudo, com o intuito de aumentar as vendas, fabricantes inescrupulosos podem adicionar fármacos a estes produtos com vista à obtenção de efeitos mais rápidos e eficazes. Recentemente, diferentes anoréticos banidos do mercado, tais como a sibutramina, têm sido detetados em PFS vendidos nos EUA. Além de supressores de apetite, várias outras substâncias podem ser adicionadas para aumentar/coadjuvar o efeito de perda de peso. Outra possível adulteração de PFS compreende a troca de plantas medicinais de elevado preço por outras espécies de menor valor económico e/ou a adição intencional de material vegetal sem interesse medicinal para aumentar o volume final do produto. Em ambos os casos, a integridade e segurança do suplemento alimentar é comprometida pela introdução de fitoquímicos desconhecidos provenientes das plantas não rotuladas, tendo já sido descrita a ocorrência de problemas para a saúde dos consumidores resultantes de plantas não declaradas em PFS.

 

Resultados

  1. Desenvolvimento de dois marcadores moleculares (DNA mini-barcodes) para a identificação específica de 2 espécies de Hipericão: Hypericum perforatum e Hypericum androsaemum
  2. Aplicação da metodologia desenvolvida a suplementos alimentares contendo hipericão
  3. Avaliação da interferência de excipientes farmacêuticos na extração de ADN de amostras de suplementos alimentares
  4. Desenvolvimento de marcadores moleculares para a diferenciação de Cynara scolymus e Sylibum marianum
  5. Desenvolvimento de uma metodologia com base em HPLC-DAD-FL para deteção e quantificação de 18 fármacos adulterantes em PFS 

 

Figura – Curvas de amplificação obtidas por PCR em tempo real para amostras de PFS contendo diferentes excipientes farmacêuticos às quais foi adicionado 50 ng de ADN de milho (padrão interno)

 

 

 

 

12/05/2015 , Por Vanda Cardoso Pinheiro